Durante o inverno, este musaranho reduz o tamanho do corpo para poupar energia



O musaranho Sorex cinereus, uma espécie de roedor encontrada no norte dos Estados Unidos da América (EUA) e no Canadá, é capaz de reduzir o tamanho do seu corpo e do seu crânio durante os meses mais frios do ano para conservar energia.

A descoberta foi feita por um grupo de investigadores da Universidade da Carolina do Norte em Greensboro (EUA), que, num artigo publicado na revista ‘The American Naturalist’, revelam que, no inverno, o musaranho reduz a sua massa corporal em 13%, a altura da caixa craniana em 11,5% e o comprimento do fémur em 8,7%. Quando a primavera chega e as condições se tornam mais favoráveis, regressa às dimensões habituais.

“Encolher o corpo e as suas partes é, de facto, uma estratégia de sobrevivência inteligente”, diz, em comunicado, Bryan McLean, primeiro autor do estudo. “E é uma que, para nós, é importante compreender, uma vez que os mamíferos enfrentam um planeta em constante mudança”, acrescenta.

Este fenómeno sazonal de alteração do aspeto físico (ou plasticidade fenotípica), conhecido na gíria científica como “fenómeno de Dehnel”, não é novo, tendo já sido observado noutros mamíferos, mas parece ser mais prevalecente em musaranhos.

“Não sabemos quão comum é o fenómeno de Dehnel entre os mamíferos, mas sabemos que é mais raro na natureza do que outras estratégias de conservação de energia que os mamíferos usam, como a hibernação”, explica McLean.

O trabalho passou pela análise de 125 musaranhos S. cinereus capturados entre 2021 e 2023 na Floresta Nacional de Pisgah, na cordilheira dos Apalaches, no estado norte-americano da Carolina do Norte, uma das regiões mais a sul da atual área de distribuição da espécie.

Com base na revisão do conhecimento já existente sobre essa capacidade dos musaranhos para reduzir o tamanho do seu corpo, os investigadores consideram que é mais pronunciada em locais onde as temperaturas mais caem durante os meses mais frios do ano.

“A plasticidade fenotípica é uma forma fundamental através da qual os musaranhos e muitas outras espécies respondem às alterações da temperatura”, aponta McLean. O principal investigador considera que “ao aprendermos mais sobre este processo, podemos começar a compreender como os mamíferos conseguem lidar com climas em rápida alteração”.






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