Centros de dados de todo o mundo utilizam energia gerada por 30 centrais nucleares
Quando pensa em indústria da informação e internet, qual a ligação que faz entre esta e o ambiente, boa ou má? Qualquer que seja a sua resposta, fique com uma informação: os centros de dados digitais utilizam cerca de 30 mil milhões de watts de electricidade, o equivalente à energia gerada por 30 centrais nucleares, de acordo com o The New York Times.
Os centros de dados (ou data centers) norte-americanos representam um quarto a um terço dessa electricidade consumida. “É impressionante para a maioria das pessoas, inclusive para as que estão ligadas a esta indústria, perceber estes números, o tamanho destes sistemas. Um único centro de dados pode sugar mais energia que uma cidade média [para os standards norte-americanos]”, explicou Peter Gross, que ajudou a desenhar centenas de armazéns de dados digitais.
A pedido do New York Times, a McKinsey & Company analisou a utilização de energia em centros de dados e descobriu que, em média, estes apenas usam 6 a 12% do total de electricidade para as funções computacionais dos servidores. A restante percentagem é gasta e desperdiçada, essencialmente, para manter os servidores inactivos e prontos, em caso de um aumento de actividade que pode tornar as suas operações mais lentas ou até que estas caíam.
O estudo compilou 20 mil servidores de 70 grandes centros de dados, onde estão empresas farmacêuticas, militares, bancos, media ou agências governamentais.
“Este é um segredo sujo da indústria e ninguém quer ser o primeiro a dizer mea culpa. Se fôssemos uma empresa industrial, estaríamos já fora do negócio”, explicou um executivo sénior da indústria.
Mas há mais: nos Estados Unidos, pelo menos 12 dos maiores centros de dados violaram a qualidade do ar. Isto só nos estados da Virgínia e Illinois. A poupança energética e sustentabilidade ambiental é, assim, um dos grandes desafios da indústria. Google e Facebook são duas das empresas que mais afincadamente trabalham para reduzir a energia que consomem, mas ainda gasta 300 milhões de watts (Google) e 60 milhões (Facebook).
Os números totais da indústria são incríveis, e há cada vez mais energia a ser consumida. A cada minuto, 60 horas de vídeo são carregadas no YouTube. Por dia, são enviados 294 mil milhões de e-mails. Só em 2011, criámos ou replicámos 1.8 zetabytes de dados, o suficiente para encher 57,5 mil milhões de iPads – e este número deve duplicar a cada dois anos.
Segundo o Google, os seus clientes podem “ficar anos sem apagar uma única mensagem de email”. Se é o seu caso tenha em atenção que os servidores consomem montanhas de energia. Em 2020, o sector poderá emitir mais gases com efeito de estufa que toda a aviação comercial.
Caso queira ajudar a reduzir estes gastos energéticos – porque, na verdade, somos nós, consumidores, que estamos a propagar esta situação – tenha em conta algumas dicas: os vídeos, fotos e outros arquivos grandes ocupam imenso espaço nos servidores, por isso tente armanzená-los noutro local que não o seu e-mail.
Não mantenha cópias dos anexos enviados e, em vez de os mandar para os seus amigos, coloque-os num local central, como DropBox ou Flicker. Pode parecer pouco, mas já é um começo.
Se não estiver contente com esta teoria, temos outra perspectiva para si. Segundo o Grist, a nossa caixa de emails não vai salvar o mundo. O agregador diz que, mais importante que passar o dia a apagar emails desnecessários é trocar o computador fixo por um portátil, arrancá-lo da ficha e ir trabalhar lá para fora (quando o tempo está bom, claro). Prefere?