Café arábica selvagem pode desaparecer dentro de 70 anos



O aumento das temperaturas resultante das alterações climáticas pode levar o café arábica selvagem a desaparecer em 2080, de acordo com pesquisadores do Britain’s Royal Botanic Gardens e cientistas da Etiópia. Segundo o estudo, entre 38 e 99,7% das áreas que produzem este tipo de café vão desaparecer dentro de 70 anos, se as previsões meteorológicas forem exactas.

Nos últimos anos, recorde-se, os cientistas têm vindo a afirmar que o café se tornaria um bem escasso, mas este estudo torna a situação ainda mais insustentável.

Ainda que os produtores de café comercial possam colocar as suas culturas em plantações desenhadas nas condições certas, os especialistas dizem que a perda da gama arábica selvagem, que tem uma diversidade genética maior, tornará mais difícil às plantações sobreviverem a longo prazo, podendo ser dizimadas pelas pestes e doenças.

Como o café é altamente dependente das temperaturas, o aumento de alguns graus de temperatura média nas regiões produtoras pode pôr em risco o futuro da gama arábica e, consequentemente, o ganha-pão de milhões de pessoas. Nos países em desenvolvimento e não só.

“A extinção do café arábica é uma perspectiva muito preocupante”, explicou Aaron Davis, chefe de pesquisa de café da Royal Botanic Gardens.

Leia o estudo, que foi publicado o Plos One, na íntegra.

O estudo analisou dois cenários. Na análise local, os cientistas descobriram que o melhor resultado foi uma quebra de 65% no número de locais bioclimáticos disponíveis. Na pior, a percentagem subiu até aos 99,7% em 2080.

Na análise por área, o melhor resultado foi uma redução de 38% nas regiões possíveis para plantar o café. O pior cenário foi uma redução de 90% até 2080.

As previsões foram, por outro lado, conservadoras, uma vez que não levaram em conta a desflorestação de grande escala que ocorre hoje na Etiópica e Sul do Sudão, outro produtor de arábica.

Segundo o The Guardian, a arábica representa mais de 60% da produção global de café, com cerca de 4,86 milhões de toneladas produzidas este ano – cerca de €12,4 mil milhões (R$ 32,4 mil milhões) movimentados, sobretudo em países como Brasil, Sudão e Etiópia.





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