Acidente fatal: Peixe do Jurássico morre “engasgado” com invertebrado semelhante a lula

Há mais ou menos 150 milhões de anos, quando decorria o Jurássico Superior, vários peixes morreram em lagoas com altos níveis de salinidade e pouco oxigénio no que atual é o estado da Baviera, no sudoeste da Alemanha.
Todos esses anos depois, uma dupla de investigadores da Universidade Ludwig Maximilian, em Munique, descobriu que diversos fósseis desses peixes, atribuídos ao género Tharsis, pareciam ter morrido engasgados depois de terem tentado engolir cefalópodes, semelhantes a lulas, conhecidos como belemnites.
Com base no estudo dos depósitos calcários onde os fósseis de ambos os animais foram encontrados, os cientistas perceberam que os peixes Tharsis tinham sido muito mais abundantes do que as belemnites, numa razão aproximada de 1.500 fósseis dos primeiros para 120 das segundas.
Os mais estranho talvez seja o facto de os paleontólogos pensarem que os Tharsis, com dentes minúsculos, se alimentavam de zooplâncton, animais microscópicos que vivem em suspensão na água, ou de outros peixes ainda mais pequenos. Ademais, pensa-se que esses animais capturavam as suas presas por sucção, sugando-as diretamente para as suas bocas.
Nos registos fósseis, os dois cientistas viram que alguns Tharsis, especialmente juvenis a julgar pelo tamanha, tinham belemnites que entravam pelas suas bocas e saiam pelas guelras. Ao contrário de cefalópodes como os polvos e as lulas, mas se forma semelhante aos náutilos, as belemnites teriam uma espécie de concha ou carapaça cheia de gás que lhes permitia flutuar na água.
Acontece que, uma vez sugadas, os Tharsis não conseguiam livrar-se delas, e acabavam por morrer sufocados.
No entanto, a equipa diz que é pouco provável que se trate de predação propriamente dita, uma vez que esses peixes não se alimentavam de animais tão grandes como as belemnites. Essas mortes não passaram de meros acidentes.
Especulam que os Tharsis andassem a banquetear-se nos microrganismos que cresciam nos corpos das belemnites e, sem querer, sugaram-na.
“Embora os peixes tentassem passar o objeto obstrutivo através das guelras, não havia de se conseguirem livrar dele, resultando em morte por asfixia”, concluem os cientistas num artigo publicado na revista ‘Scientific Reports’.