Calcificação dos corais beneficia das injeções de hormonas humanas



Os investigadores identificaram a forma como a tiroxina, uma hormona da tiroide humana, pode influenciar positivamente a calcificação crítica para a vida dos corais moles e desenvolveram uma técnica única para injetar moléculas nos tecidos dos corais.

“Sabemos muito sobre as hormonas nos vertebrados, mas muito menos sobre as hormonas nos animais invertebrados, como os corais”, diz Clémence Forin, estudante de doutoramento no Centro Científico do Mónaco. “Queríamos saber mais sobre a forma como processam as hormonas para descobrir como estão envolvidas no processo de calcificação”, acrescenta.

Um dos principais obstáculos à investigação do papel e da regulação das hormonas nos corais tem sido a falta de técnicas estabelecidas. Para resolver este problema, Forin e a sua equipa propuseram-se desenvolver um novo método de injeção que lhes permitisse inserir hormonas nos corais e monitorizar a forma como estas afetavam o processo de calcificação.

“As principais vantagens deste método de injeção são o facto de podermos injetar com precisão a mesma concentração de hormonas de cada vez e de podermos seguir o seu percurso no interior do organismo”, afirma Forin. “Precisávamos de ter a certeza de que todas as hormonas chegavam às células de interesse e que as hormonas solúveis não se perdiam na água do mar circundante”, explica.

Depois de analisarem os efeitos pró-calcificação de muitas hormonas humanas amplamente disponíveis, identificaram a tiroxina como principal candidata. Nos seres humanos e noutros vertebrados, a tiroxina contribui para uma série de funções importantes, como o crescimento e o metabolismo, e tem sido associada ao transporte de cálcio.

“Descobrimos que a tiroxina tinha um efeito positivo no processo de calcificação do coral”, diz  Forin. Utilizando um ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay), foi possível detetar e quantificar o processamento e a atividade da hormona no coral.

Esta descoberta levanta questões interessantes sobre a evolução da fisiologia animal. “Se o coral é capaz de processar e utilizar a tiroxina, isso significa que foram conservadas vias metabólicas específicas”, afirma Forin. “A grande questão agora é saber como é que estes corais utilizam a tiroxina no seu habitat natural”, conclui.

 






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