Desflorestação para criar pasto é mais prejudicial para a biodiversidade do que se pensava

Um estudo feito na Colômbia revela que a destruição de florestas tropicais para criar áreas de pasto para o gado está a ter um impacto negativo na biodiversidade muito maior do se pensava.
Combinando mais de uma década de dados sobre o uso do solo no país com informações sobre a sensibilidade de cada uma das espécies à alteração dos seus habitats, os investigadores concluem a perda de biodiversidade causada pelo corte da floresta tropical é, em média, 60% pior do que estimativas anteriores.
Dizem que, até agora, a maioria dos estudos sobre como a biodiversidade é afetada por alterações ao uso do solo têm sido limitados por escalas reduzidas que não permitem ter uma ideia mais clara dos reais impactos.
Quando as florestas caem, algumas espécies conseguem prosperar, talvez até mais do que antes, mas outras não, e podem mesmo acabar por desaparecer desse local. Os cientistas dizem que as “imagens locais”, apesar de importantes, não permitem ver que o cenário a larga-escala é muito pior no que toca a perdas de biodiversidade.
“Este é um resultado realmente surpreendente”, confessa David Edwards, da Universidade de Cambridge e um dos principais autores do artigo que dá conta da descoberta, publicado recentemente na revista ‘Ecology & Evolution’.
“Descobrimos que a perda de biodiversidade causada pelo corte da floresta tropical para criar pasto está a ser imensamente subestimado”, alerta.
“Quando as pessoas querem compreender o impacto geral da desflorestação na biodiversidade, tendem a fazer um levantamento local e extrapolam os resultados. Mas o problema é que o corte de árvores está a acontecer a escalas espaciais massivas, em todos os tipos de habitats e altitudes”, detalha Edwards.
E acrescenta que “quando olhámos para o impacto da desflorestação na biodiversidade ao longo de treze ecorregiões diferentes na Colômbia, encontrámos uma perda de biodiversidade 62% maior do que os resultados de levantamentos locais indicam”.