Investigadores portugueses alertam para impacto das alterações climáticas na distribuição dos atuns no Atlântico



A distribuição das principais espécies de atum no Oceano Atlântico pode vir a sofrer mudanças significativas por causa dos efeitos das alterações climáticas.

A conclusão é de um estudo publicado recentemente na revista ‘Biodiversity and Conservation’ e liderando por investigadores do pólo do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (MARE-ULisboa).

A investigação utilizou modelos ecológicos para projetar a resposta de cinco espécies de atum a diferentes cenários climáticos até ao final deste século, e os resultados sugerem uma deslocação das populações para latitudes mais altas e uma redução de habitat em regiões tropicais, com potenciais impactos ecológicos e socioeconómicos.

O trabalho destaca a importância da combinação de diversas variáveis ambientais, como a temperatura da superfície do mar, o oxigénio dissolvido e a salinidade, na gestão das pescas para ser possível antever possíveis cenários futuros e tentar perceber como melhor lidar com eles.

“Este tipo de projeções é essencial para antecipar mudanças e apoiar a gestão adaptativa das pescas”, explica, citada em nota, Priscila Silva, investigadora do MARE-ULisboa e primeira autora do estudo.

Sendo o atum um dos produtos do mar mais procurados para consumo humano, alterações na distribuição das suas principais espécies podem vir a afetar não só a sua disponibilidade para as frotas pesqueiras, mas também a oferta no mercado global.

“Os atuns estão entre os recursos marinhos mais valiosos”, escrevem os cientistas no artigo, e, por isso, são altamente populares e “comercializados à escala global”. A par disso, “suportam não só a subsistência de pescadores, como também desempenham um papel ecológico crucial, enquanto predadores ou presas”.

Como tal, as implicações das mudanças na distribuição dos atuns poderão ser especialmente relevantes para as populações e economias que mais fortemente dependem fortemente da pesca desses peixes.

“Os resultados mostram que a distribuição dos atuns pode mudar substancialmente nas próximas décadas, o que levanta desafios importantes para a gestão das pescas”, afirma Francisco Borges, também investigador do MARE-ULisboa/ARNET e segundo autor do artigo.

“Integrar cenários climáticos na tomada de decisão poderá ser fundamental para garantir a resiliência dos ecossistemas marinhos e das comunidades que deles dependem”, acrescenta.

Este estudo foi desenvolvido em colaboração com o CESAM (Universidade de Aveiro) e o Instituto de Investigaciones Marinas (CSIC, Espanha). Foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e contou com o apoio do European Research Council.






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