Osga rara considerada extinta redescoberta nas Galápagos após projeto de restauro da Natureza
A minúscula osga Phyllodactylus maresi, de um grupo de répteis também conhecidos como gecos, foi redescoberta na ilha de Rábida, no arquipélago das Galápagos, no Oceano Pacífico. Pensava-se que a espécie estava extinta, mas um grupo de cientistas voltou a encontrá-la e acreditam que o restauro do seu habitat terá permitido o seu regresso.
Esta espécie, que apenas chega aos oito centímetros de comprimento em adulta, só era conhecida de fósseis com cerca de cinco mil anos, nunca tendo um espécime vivo sido documentado cientificamente.

O animal foi encontrado e estudado por cientistas e especialistas da Pontificia Universidad Católica del Ecuador, da Direção do Parque Nacional das Galápagos e das organizações conservacionistas Island Conservation e Re:wild.
Paula Castaño, da Island Conservation, explica, em comunicado, que “o regresso desta osga destaca o incrível poder da natureza para se curar a ela mesma quando lhe é dada oportunidade para tal”.
Para a investigadora, segunda autora do artigo que dá conta da redescoberta publicado na revista ‘PLOS One’, este é mais um exemplo “da recuperação que temos visto em ilhas por todo o mundo”, argumentando que “quando devolvemos o equilíbrio a um ecossistema, ele pode recuperar rapidamente e de forma dramática”.
A equipa sequenciou o ADN da osga P. maresi e analisou detalhadamente a sua morfologia para tentar desvendar a sua história evolutiva. Com base nos resultados, concluem que a população da ilha de Rábida, embora seja geneticamente diferente das populações da espécie nas outras ilhas, apresenta semelhanças com as P. maresi que são encontradas pelo resto do arquipélago das Galápagos.
Os investigadores atribuem o retorno desta osga, que descrevem como esquiva, a uma “intervenção de conservação bem-sucedida e ambiciosa” lançada em 2011 pela Island Conservation em parceria com o Parque Nacional das Galápagos, a Fundação Charles Darwin e o The Raptor Center.
A iniciativa passou pela remoção de roedores de espécies invasoras, que não fazem parte da fauna local, e que são predadores dos pequenos répteis. Apenas um ano depois da intervenção, os cientistas detetaram a presença da P. maresi, que há muito se pensava estar extinta na ilha de Rábida.
“Há mais de uma década que trabalho com as osgas das Galápagos e esta investigação mostra o valor crucial que a recolha de espécimes e a amostragem genómica têm tanto para a descoberta científica como para os esforços de conservação nas Galápagos”, afirma Omar Torres-Carvajal, do Museu de Zoologia da Pontificia Universidad Católica del Ecuador e primeiro autor do estudo.
“Este arquipélago ainda contém surpresas escondidas, à espera de serem descobertas”, aponta, mas lamenta que “conseguir financiamento adequado continua a ser um desafio significativo”.
Os cientistas estão convictos de que a redescoberta da P. maresi poderá significar que outras espécies tidas comos “perdidas para sempre” poderão regressar, uma vez mais, ao arquipélago das Galápagos, apontando que as ilhas são ecossistemas resilientes que, “quando lhes é dada essa oportunidade, podem ser palco de uma recuperação surpreendente para além do que se pensava ser possível”.