Reintrodução dá esperança para futuro de gatos-bravos na Escócia
Nos últimos três anos, mais de 35 gatos-bravos (Felis silvestris) foram reintroduzidos nas Terras Altas da Escócia.
Os especialistas dizem que a população reintroduzida já está a reproduzir-se, no que entendem como um sinal de esperança para o futuro desses felídeos selvagens.
Em tempos amplamente distribuídos por todo o Reino Unido, os gatos-bravos viram as suas populações nessa região contrair fortemente devido à perda de habitat e à caça que contra eles fora movida pelos humanos, com quedas acentuadas dos seus números desde o início do século XX.
Atualmente, a espécie no Reino Unido está circunscrita ao norte e leste da Escócia e está classificada, ao abrigo da lei britânica, como criticamente em perigo.
Além disso, as populações escocesas de gato-bravo estão a ser ameaçadas pela hibridação com gatos domésticos (Felis catus), de tal forma que nos últimos anos análise genéticas feitas a indivíduos da espécie selvagem revelaram um alto nível de hibridação, com a população a ser categorizada como funcionalmente extinta.
Vídeo: Gato-bravo reintroduzido com as suas crias. Fonte: Rewilding Europe.
Um relatório publicado em 2019 pela União Internacional para a Conservação da Natureza apontava que a única esperança para a recuperação dos gatos-bravos na Escócia passava inevitavelmente pela reprodução em cativeiro e pela subsequente reintrodução em meio selvagem.
A reintrodução está a ser coordenada pela Saving Wildcats, através de financiamento atribuído pela Rewilding Europe, em conjunto com outros parceiros, como a Real Sociedade Zoológica da Escócia.
Para Helen Senn, uma das responsáveis do projeto, o facto de ninhadas de gatos-bravos terem nascido um ano após os primeiros indivíduos terem sido reintroduzidos na Natureza “é prova de que os animais estão a dar-se bem”.
“É ainda muito cedo para fazer previsões de longo-prazo, mas é definitivamente um passo na direção certa”, afirma.
Dos mais de 35 gatos reintroduzidos, registaram-se quatro mortes até ao momento, um número que os conservacionistas dizem ser mais baixo do que os níveis de mortalidade registados em iniciativas semelhantes a nível internacional.
Através de colares com GPS e de câmaras, os especialistas perceberam que este ano já pelo menos cinco fêmeas deram à luz. Em 2024 foram registadas ninhadas de sete fêmeas.
As organizações envolvidas na reintrodução de gatos-bravos na Escócia estão também a trabalhar com as comunidades locais, especialmente no que diz respeito à sensibilização do público para a importância da conservação da espécie e à mitigação de potenciais impactos da predação dos gatos sobre, por exemplo, a avicultura.
Nesse âmbito, residentes locais estão a testar capoeiras à prova de predadores, atribuídas pelas equipas e cujos resultados são monitorizados através de câmaras.