Drones ajudam a descobrir o maior local de nidificação de tartarugas-da-amazónia



Foi ao longo do rio Guaporé, um dos maiores afluentes do rio Madeira, que, por sua vez, alimenta o Amazonas, que um grupo de cientistas descobriu o que diz ser o maior local conhecido até agora de nidificação de tartarugas-da-amazónia (Podocnemis expansa).

Tal foi possível graças, sobretudo, ao uso de imagens recolhidas por drones, que sobrevoaram a área de estudo todos os dias entre 26 de setembro e 4 de outubro de 2021, um período que coincide com a altura em que esses répteis de água doce ameaçados de extinção constroem ninhos nas margens arenosas e depositam os seus ovos.

Tartarugas-da-amazónia a nidificarem no rio Guaporé. Foto: Omar Torrico / WCS.

Num artigo publicado na revista ‘Journal of Applied Ecology’, dizem ter documentado mais de 41 mil tartarugas-da-amazónia que se congregaram no rio Guaporé, e argumentam que o uso de drones pode ser “uma nova forma de monitorizar mais eficientemente populações de animais”, não apenas tartarugas.

Além disso, dizem ser uma maneira mais rápida, precisa de menos invasiva do que contar animais no solo.

Os investigadores da Universidade da Flórida em Gainesville (Estados Unidos da América) e da organização Wildlife Conservation Society (WCS) colocaram marcas de tinta nas carapaças de 1.187 tartarugas que de juntaram num banco de areia no rio Guaporé. Durante 12 dias, um drone sobrevoou a área quatro vezes, para trás e para a frente, tirando 1.500 fotografias por cada passagem.

Com as imagens em mãos, os cientistas usaram um software que permitiu criar um modelo de análise para contabilizar as tartarugas, tendo a equipa chegado ao número estimado de 41 mil desses animais.

“Se os cientistas não são capazes de estabelecer uma contagem precisa de indivíduos de uma espécie, como poderão saber se uma população está em declínio ou se os esforços para protegê-la estão a ser bem-sucedidos?”, afirma, citado em comunicado, Ismael Brack, primeiro autor do artigo.

Tartaruga-da-amazónia a emergiu do seu ovo nas margens do rio Guaporé. Foto: Omar Torrico / WCS.

A equipa diz que vai continuar a aperfeiçoar este método de contagem, não só com novos levantamentos feitos por drones no rio Guaporé, mas também noutras regiões da América do Sul onde haja ajuntamento de tartarugas-da-amazónia, incluindo na Colômbia e, possivelmente, no Peru e na Venezuela.

“Ao combinar informação de múltiplos levantamentos, podemos detetar tendências populacionais”, diz Brack, e dessa forma, organizações conservacionistas, como a WCS, poderão saber mais precisamente para onde devem canalizar os seus esforços.

German Forero-Medina, diretor de conservação da WCS Colômbia e coautor do artigo, diz, por seu lado, que “com este estudo, deixamos de usar os drones apenas para documentar e fotografar este evento maravilhoso, e desenvolvemos métodos analíticos robustos de rigorosos para estimar o tamanho da população de tartarugas e as suas tendências ao longo do tempo”.






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