Crias de foca-comum estão a morrer em estuário no Reino Unido. Cientistas investigam causas

Uma equipa de cientistas está a investigar a causa de misteriosos eventos de grande mortalidade de crias de focas-comuns (Phoca vitulina) no estuário do Rio Tees, em Inglaterra, que desagua no Mar do Norte.
Nos últimos anos o grupo Tara Seal Research tem encontrado os corpos arrojados de crias ao longo da costa nessa região, e o fenómeno tende a acontecer sempre no final do verão, entre o fim de julho e setembro, com um pico em meados de agosto. Isso coincide com a altura em que as crias são desmamadas pelas progenitoras, e começam a aventurar-se ao longo da linha costeira em busca do seu próprio alimento.
Dizem os especialistas que no ano passado, bem como nos anteriores, encontraram várias crias arrojadas, umas ainda vivas e outras já mortas, em condições de subnutrição, com pesos inferiores aos do seu nascimento. As crias vivas estavam em tão mau estado que tiveram de ser eutanasiadas por veterinários locais.
Este verão, “a mesma triste história” repetiu-se. Numa área protegida conhecida como “Seal Sands”, na foz do Rio Tees, os investigadores contaram, antes do verão, 21 crias de foca-comum, ainda com as suas progenitoras. Contudo, no fim de agosto os corpos sem vida de 21 crias deram à costa da zona estuarina.
Além do peso abaixo do que seria desejável, as crias estavam afetadas por uma infeção bacteriana que faz com que o tecido dentro e à volta da boca comece a apodrecer e a desaparecer. Os membros do Tara Seal Research recolheram e enviaram para análise laboratorial amostras de tecidos infetados de crias deste ano e de 2024.

Os resultados confirmaram a presença de bactérias anaeróbias, ou seja, que sobrevivem sem oxigénio. Contudo, as bactérias encontradas nas amostras de 2024 eram diferentes das identificadas nas amostras recolhidas este ano, o que leva os especialistas a crerem que a infeção encontrada nas bocas das crias é causada não por uma bactéria específica, mas por microrganismos oportunistas que proliferaram nas águas.
Nas crias que morreram em 2025 foram encontradas bactérias E. coli, que os investigadores dizem apontar para uma descarga recente de esgoto no estuário.
As progenitoras amamentam as crias deitadas em banco de lodo e lama, pelo que se acredita que as crias contraem as infeções quando mamam e as suas bocas entram em contacto com lama e lodo que cobre a barriga das mães.

Além disso, em 2024 os cientistas detetaram quantidades elevadas de PCB (policlorobifenilos), poluentes tóxicos que persistem no ambiente e que afetam negativamente o desenvolvimento dos mamíferos e o seu sistema imunitário, tornando os animais mais suscetíveis a infeções. Acredita-se que as crias que morreram nos últimos anos no estuário do Tees tenham sido afetadas por PCB ingerido através do leite das progenitoras, também elas afetadas pelo poluente por ingerirem peixes contaminados.
Ainda não há confirmações absolutas para nada, pelo que estas são ainda possíveis explicações para o fenómeno de mortalidade de crias de foca-comum, mas, caso venham a ser comprovadas, os especialistas pedem atuação imediata por parte das autoridades locais para combater a poluição nessa área protegida.
Contudo, tudo indica que “esta mortalidade desoladora de crias de foca-comum” se repita em 2026, diz o Tara Seal Research.