Mais de 100 milhões de edifícios podem enfrentar inundações em África, Ásia e América

Mais de 100 milhões de edifícios costeiros em África, no Sudeste Asiático e na América Central e do Sul poderão estar em risco de inundações periódicas devido à subida do nível do mar, noticiou a Europa Press na sexta-feira.
“Ficámos surpreendidos com o grande número de edifícios em risco devido à subida relativamente moderada do nível do mar a longo prazo”, disse um dos autores da investigação sobre as consequências da subida do nível do mar e professor da Universidade McGill, no Canadá, Jeff Cardile.
De acordo com a investigação, muitos dos edifícios em risco de estarem expostos a inundações estão localizados em zonas baixas e densamente povoadas, ou seja, bairros inteiros e infraestruturas críticas, como portos, refinarias e património cultural, seriam afetados.
“Alguns países costeiros estão muito mais expostos do que outros, devido aos detalhes da topografia costeira e à localização dos edifícios”, indicou Jeff Cardile.
O estudo, publicado na revista científica npj Urban Sustainability, usou mapas de satélite de alta resolução e dados de elevação, que medem a altura de um ponto em relação ao nível do mar, para calcular quantos edifícios poderiam ser inundados em diferentes cenários de aumento do nível do mar ao longo dos próximos séculos.
De acordo com a investigação, o risco de inundações deve-se às emissões de combustíveis fósseis.
Os investigadores analisaram cenários de subida do nível do mar entre 0,5 e 20 metros e concluíram que, com uma subida de apenas 0,5 metros, aproximadamente três milhões de edifícios poderiam ser inundados.
Em cenários com uma elevação de cinco metros ou mais, como seria de esperar dentro de algumas centenas de anos, se as emissões não forem interrompidas em breve, a exposição aumenta, colocando mais de 100 milhões de edifícios em risco.
“Falamos frequentemente de uma subida do nível do mar de dezenas de centímetros, ou até de um metro, mas, na realidade, pode continuar a subir muitos metros se não pararmos de queimar combustíveis fosseis rapidamente”, indicou a coautora da investigação e professora na Universidade McGill, Natalya Gomez.
Natalya Gomez acrescentou que “a subida do nível do mar é uma consequência lenta, mas incontrolável, do aquecimento que já está a afetar as populações costeiras e vai continuar durante séculos”.