Agência de energia alerta para menor produção de carvão em Moçambique devido às chuvas



A Agência Internacional de Energia (AIE) alertou ontem que a produção de carvão mineral em Moçambique poderá ser mais reduzida devido às chuvas e impacto das mudanças climáticas, apelando ao país para melhorar o sistema de alerta.

“A produção de carvão em Moçambique ficará provavelmente exposta a chuvas cada vez mais intensas, inundações e precipitações excessivas que podem afetar ou mesmo suspender as atividades de mineração, aumentando o risco de alagamento e encharcamento das minas”, avançou Rita Madeira, Gestora do Programa África da AIE.

A responsável falava em Maputo, na apresentação da avaliação Nacional da Resiliência Climática de Moçambique da AIE, durante a Semana de Energia e Clima na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorre até sexta-feira.

“As inundações podem interromper o transporte de carvão por ferrovia e diminuir a qualidade de carvão devido ao alto teor de humidade. Já em 2018, as chuvas intensas afetaram a capacidade de produção de carvão de duas minas em Moçambique, levando a uma revisão em baixa da produção anual do carvão”, apontou Rita Madeira, citando a avaliação Nacional da Resiliência Climática.

A Agência Internacional de Energia considera que Moçambique está a dar passos importantes para aumentar a resiliência climática, sobretudo apostando no uso de energias renováveis, onde está a avançar com investimentos concretos, pedindo ao país para que reforce a sua estratégia de prevenção às catástrofes com melhoria na monitoria e sistemas de alerta.

Os especialistas recomendam que o país avance com a interligação da rede nas regiões sul e norte, incluindo a modernização das infraestruturas, referindo que é um passo para reduzir os impactos dos ciclones no abastecimento de eletricidade.

A AIE indica também que “para reduzir os riscos, danos e perdas de ativos energéticos seria fundamental incluir projeções nas alterações dos padrões climáticos relativas a inundações e secas na localização de novos projetos”.

A Semana de Energia e Clima na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorre até sexta-feira em Maputo, reúne representantes governamentais, reguladores, financiadores, empresas e especialistas na área de energia e clima.

O evento é coordenado pela Associação Lusófona de Energias Renováveis (Aler) e pela Associação de Reguladores de Energia dos Países de Língua Oficial Portuguesa (Relop).

Moçambique é considerado um dos países mais vulneráveis e severamente afetados pelas alterações climáticas, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa.

O país registou, de 2000 a 2023, mais de 75 eventos climáticos extremos, causando perdas económicas superiores a 3,8 mil milhões de euros, colocando o país entre os 10 mais vulneráveis do mundo, avançou este mês o Governo.

O Governo moçambicano aprovou um plano de contingência para a época chuvosa 2025/2026, que admite poder afetar 1,2 milhões de pessoas, mas tem menos de metade dos 14 mil milhões de meticais (190 milhões de euros) necessários.

As autoridades moçambicanas alertaram, em setembro, para cheias de “grande magnitude” no país e inundações em pelo menos quatro milhões de hectares agrícolas durante a época das chuvas que se iniciou este mês, em Moçambique.






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