Apep: a dança mortal das estrelas que desafia o tempo
Investigadores internacionais revelaram imagens inéditas de um raro sistema estelar chamado Apep, composto por três estrelas massivas que criam quatro espirais de poeira em expansão. O estudo, liderado por Ryan White, estudante de mestrado da Universidade Macquarie, mostra uma dança cósmica que demora 190 anos a completar — a órbita mais longa alguma vez registada para estrelas Wolf-Rayet produtoras de poeira.
Usando o Telescópio Espacial James Webb (JWST) e o Very Large Telescope (VLT) no Chile, a equipa conseguiu observar pela primeira vez conchas de poeira sucessivas, cada uma a expandir-se de forma precisa e previsível. Antes destas imagens, os telescópios terrestres só detetavam uma única concha.
“As observações do JWST foram decisivas, como acender a luz numa sala escura — tudo se tornou visível”, afirma Yinuo Han, coautora do estudo. A análise confirmou ainda que as três estrelas estão ligadas gravitacionalmente e explicou como a supergigante do sistema molda as nuvens de poeira das suas companheiras Wolf-Rayet.
As Wolf-Rayet são estrelas raras, responsáveis por parte do carbono primordial do universo. Eventualmente, explodirão como supernovas e poderão emitir jatos de raios gama antes de se transformarem em buracos negros. Apenas cerca de mil destas estrelas existem na Via Láctea, tornando Apep um caso único — o único sistema da galáxia conhecido com duas estrelas Wolf-Rayet deste tipo.
O estudo foi publicado no The Astrophysical Journal e representa um avanço significativo na compreensão de como estas estrelas massivas interagem, evoluem e moldam os ambientes que as rodeiam, fornecendo pistas valiosas para futuros esforços de observação astronómica.