Recorde de 62 crias de lince-ibérico nascidas em cativeiro em 2025



Um recorde de 62 crias de lince-ibérico nasceram este ano nos cinco centros de reprodução em cativeiro do animal que existem em Portugal e Espanha, anunciou ontem o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

O programa de reprodução em cativeiro do lince-ibérico cumpriu em 2025 o vigésimo aniversário e nestas duas décadas nasceram 835 crias, 640 das quais sobreviveram ao desmame e 424 foram posteriormente libertadas na natureza em diversos pontos da Península Ibérica, revelou o ICNF, que coordena em Portugal os projetos de recuperação e conservação desta espécie, que esteve à beira da extinção no início do século.

A reprodução de linces em cativeiro foi o ponto de partida do projeto de recuperação e conservação do lince ibérico, hoje considerado um caso de êxito e uma referência a nível internacional.

A população de linces ibéricos passou de menos de 100 animais em 2002 para 2.401 em 2024, segundo o censo anual feito pelas autoridades de Portugal e Espanha.

Há atualmente cinco centros de reprodução do lince-ibérico em cativeiro na Península Ibérica, um deles em Portugal, em Silves.

Segundo dados revelados pelo ICNF num comunicado, “o Programa de Conservação Ex-Situ do lince-ibérico atingiu em 2025 um dos seus marcos mais relevantes: o nascimento de 62 crias na rede de centros de reprodução” entre fevereiro e maio, dos quais “48 sobreviveram até à data”.

“Trata-se do valor mais elevado registado nas últimas temporadas, consolidando o papel do programa como motor de recuperação desta espécie emblemática”, lê-se no mesmo comunicado.

Das 48 crias sobreviventes, nove “permanecerão em cativeiro como reposição de reprodutores” e “caso se confirme a aptidão clínica e comportamental dos restantes 39 indivíduos, estes serão libertados na natureza no início de 2026, reforçando as populações selvagens”.

Em 2024 tinham nascido 43 crias de 30 casais (31 sobreviveram) e em 2023 tinha havido 46 crias de 26 casais (39 sobreviventes).

Graças à libertação de 424 animais na natureza a partir de 2011, “a espécie melhorou o seu estatuto” na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e no ano passado deixou de ser classificada como “em risco” para passar a “vulnerável”, realça o ICNF.

Segundo o instituto, o programa de reprodução em cativeiro vai continuar “a reproduzir ao mesmo ritmo dos anos anteriores” atendendo às “necessidades futuras dos programas de reintrodução e as necessidades de reposição de reprodutores”.

“Neste contexto, os centros de criação preveem formar 30 casais reprodutores em 2026, seguindo as recomendações genéticas mais adequadas para satisfazer as futuras exigências dos programas de reintrodução”, acrescenta o mesmo comunicado, no qual o ICNF revela que esta decisão foi tomada na sequência de uma reunião em 07 de outubro do Comité de Criação em Cativeiro do Lince-Ibérico (CCCLI), órgão consultivo do programa.

Segundo os responsáveis e cientistas pelo programa de conservação do lince ibérico, a par da necessidade de continuar a aumentar a população global da espécie, até pelo menos 1.100 fêmeas reprodutoras na natureza, é essencial trabalhar na diversificação genética.

O número de linces na Península Ibérica aumentou 19% em 2024 e alcançou os 2.401 animais (354 em Portugal), segundo o censo anual realizado pelas entidades espanholas e portuguesas que integram o projeto de recuperação da espécie, revelado em maio.

O censo de 2024 identificou 1.557 linces adultos, dos quais 470 são fêmeas reprodutoras, mais 64 do que em 2023.

Os projetos de conservação do lince ibérico têm 23 anos, são maioritariamente financiados por programas europeus LIFE e envolvem diversas entidades públicas e privadas em Portugal e Espanha.

Em Portugal, a coordenação cabe ao ICNF.






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