Tigres estão a regressar à ilha indonésia de Sumatra



Um novo levantamento realizado na província de Aceh, no norte de Sumatra, revela um cenário raro e animador: os tigres-de-Sumatra, uma espécie criticamente ameaçada, parecem estar a recuperar nas florestas tropicais onde ainda sobrevivem. As câmaras instaladas por investigadores ao longo de três períodos de monitorização, entre 2023 e 2024, captaram 282 imagens nítidas, permitindo identificar 27 tigres, entre fêmeas adultas, machos e crias — números significativamente superiores aos registados em estudos anteriores.

Até agora, apenas três levantamentos tinham conseguido identificar mais de dez tigres individuais, todos realizados dentro de parques nacionais protegidos. O facto de estes novos registos terem sido obtidos fora do sistema de parques nacionais sugere que as estratégias de conservação locais estão a dar resultados.

Câmaras revelam população robusta

O estudo, publicado na revista Frontiers in Conservation Science, destaca o papel do ecossistema de Leuser, considerado um dos últimos redutos intactos para o tigre-de-Sumatra. A área, três vezes maior do que o Parque Nacional de Yellowstone, mantém vastas zonas de floresta contínua e é patrulhada de forma regular por guardas florestais.

Ao longo do projeto, a equipa instalou câmaras infravermelhas em zonas remotas, contando com o apoio de comunidades locais. As fotografias recolhidas permitiram reconhecer 14 fêmeas, 12 machos e um indivíduo de sexo indeterminado. A presença significativa de fêmeas e de várias ninhadas — três conjuntos de crias foram registados num único período de seis meses — indica que o habitat oferece alimento suficiente e condições adequadas para a espécie prosperar.

“Documentámos uma população robusta, provavelmente uma das mais saudáveis da ilha”, afirma o biólogo da conservação Joe Figel, que colabora com as autoridades de vida selvagem e florestas da Indonésia.

Uma história de sucesso fora dos parques nacionais

Embora o Parque Nacional de Gunung Leuser fique dentro da mesma região, este estudo centrou-se em florestas protegidas apenas a nível provincial — áreas que normalmente dispõem de muito menos meios do que os parques geridos pelo Governo central. Apesar disso, os investigadores captaram quase três vezes mais imagens de tigres do que outros levantamentos de 90 dias realizados em diferentes pontos de Sumatra.

Além de reforçar os sinais de recuperação da espécie, o trabalho fornece dados essenciais para monitorizações futuras, nomeadamente sobre a movimentação dos tigres e a melhor forma de distribuir câmaras no terreno.

Segundo a equipa, o sucesso observado deve-se a uma conjugação de esforços: o trabalho das autoridades locais, o envolvimento das comunidades acehnesas e gayo, o apoio de doadores e a persistência de investigadores no terreno. “A manutenção de manchas importantes de floresta de baixa altitude e de montanha, onde existe maior abundância de presas, explica em grande medida os nossos resultados”, conclui Figel.

Os autores alertam, no entanto, que a ameaça continua presente — perda de habitat, caça furtiva e redução das presas continuam a pôr em risco a espécie. Ainda assim, este novo levantamento oferece uma das visões mais otimistas dos últimos anos sobre o futuro do tigre-de-Sumatra.






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