O que ganha o carsharing com as redes sociais?
A história de Antje Tiefenbach é simples de contar: é um estudante de 25 anos de Ulm, na Alemanha, e guia normalmente um Fiat Punto que lhe custou oito mil euros.
Dois ou três vezes por mês, porém, quando sai à noite com os amigos, prefere alugar um Smart, via carsharing, e regressar a casa de transportes públicos.
Ao estacionar em qualquer ponto da cidade, Tiefenbach não precisa de regressar de carro a casa – sobretudo depois de uma noite de lazer – e gasta apenas três euros por este serviço.
Esta história é contada pelo Financial Times para explicar que, ao invés da geração dos seus pais, os jovens alemães entre os 14 e os 29 anos conseguem viver sem carro próprio. Na verdade, eles não conseguem é viver sem o telemóvel, que inclusive utilizam para alugar o serviço de carsharing.
“É mais fácil andar sem carro do que sem telemóvel”, explica Tiefenbach ao Financial Times.
Outro jovem alemão ouvido pelo FT, Ulrike Noweski, de 29 anos, explica que o carro apenas lhes permite chegar do local A ao local B e que passa mais tempo a andar de bicicleta, de táxi ou mesmo de avião. “Simplemente não sou um fanático por carros”, refere.
Segundo o FT, há várias razões para os jovens alemães não partilharem da necessidade de possuir um carro, ao invés dos seus pais. O sucesso das redes sociais permitiu-lhes, mais do que nunca, aceder mais facilmente – e partilhar – serviços de carsharing ou carpooling. E a tecnologia mobile tornou este potencial numa certeza.
“Se falarem com um jovem dos 18 aos 25 anos, eles estão a expressar a sua personalidade com outras coisas para lá dos carros. Este é um processo de longo prazo e não tem nada a ver com a crise”, explicou ao FT Wolfgang Bernhart, partner da Roland Berger.
Em Inglaterra, empresas como a Zipcar estão a ganhar uma importante franja do mercado nos jovens que querem andar de carro – porque acreditam que a mobilidade é importante – mas não querem, efectivamente, possuir um automóvel próprio.
“A geração Y não quer ter carro próprio – querem mobilidade pessoal”, explica, por seu lado, Sarwant Singh, partner da consultora Frost & Sullivan.
Empresas como a Daimler, que detém a Mercedes-Benz ou PSA Peugeot Citroen já são alguns dos mais importantes players do mercado do carsharing.
“As pessoas querem ver se podem alargar a sua mobilidade, e não necessariamente através do carro: querem ter a opção de se movimentarem em grandes áreas urbanas através do comboio, metro ou bicicleta”, explicou o director de marketing intelligence da Peugeot, Pascal Feillard.
E se estes esquemas de carsharing tiverem um número importante de frotas de carros eléctricos, ganha o ambiente e a cidade.