Cientistas produzem células cerebrais a partir de urina
Cientistas fizeram células cerebrais a partir de urina humana, anuncia a Mother Nature Network. Ao contrário de outras tecnologias com células estaminais, as células do cérebro à base de urina não originam tumores quando implantadas em ratos.
Quando uma pessoa urina, resquícios de pele despegam-se frequentemente dos revestimentos dos rins – foram estas células que os investigadores reprogramaram em estaminais, as quais se podem transformar em qualquer tipo de célula no corpo. Neste caso, eles transformaram as células em neurónios, ou células cerebrais. Este método pode no futuro revelar-se numa forma mais rápida de produzir células do cérebro, que são únicas para cada indivíduo, segundo a Nature News.
Como esta técnica se baseia em urina, mais fácil de obter do que sangue, pode também ser mais fácil extrair as células de qualquer paciente, incluindo crianças, diz Marc Lalande, investigador da Universidade de Connecticut Health Center. “É mais fácil conseguir que uma criança dê uma amostra de urina do que picá-la para obter sangue”, diz.
Há anos que os cientistas têm vindo a trabalhar em formas de transformar células comuns em células estaminais. Os investigadores têm reprogramado células dos testículos para produzirem insulina, transformaram células do cérebro de cadáveres em células estaminais e converteram pele humana em células cerebrais. Esperava-se que estas células do cérebro pudessem ser usadas para tratar doenças como Parkinson e Alzheimer.
Mas muitos métodos usados anteriormente usavam vírus para incorporar permanentemente novos genes no DNA das células, revela Kristen Brennand, investigadora de células estaminais em Mount Sinai School of Medicine. Como o DNA viral fica dentro do código genético das células permanentemente, ele pode tornar o comportamento das células imprevisível e até mesmo causar tumores.
Neste novo estudo, a equipa de pesquisa chinesa usou uma nova abordagem – mais segura. A equipa recolheu as células da pele que revestem os rins e que são largadas na urina humana. De seguida, injectaram novas instruções genéticas para reprogramar as células, de forma a tornarem-se cerebrais. Ao contrário do método viral, estas instruções apenas permanecem nas células temporariamente.
Segundo Brennand, as instruções de reprogramação são então eventualmente perdidas quando as células se dividem. Com estas novas instruções genéticas, as células transformam-se em células estaminais do cérebro, podendo ainda converter-se em diferentes tipos.
A transformação de células renais para células cerebrais levou apenas 12 dias. E, ao contrário de outras tecnologias, as células do cérebro à base de urina não formaram tumores quando implantadas em ratos.
Esta nova pesquisa foi publicada a 9 de Dezembro na revista Nature Methods.