Banco Alimentar bate recordes. Os portugueses são mais solidários em tempos de crise?



Em tempos de crise, os portugueses são mais solidários. Esta é a grande conclusão que podemos retirar da última campanha do Banco Alimentar Contra a Fome, que decorreu este fim-de-semana em vários super e hipermercados portugueses.

Assim, foram recolhidas 3.625 toneladas de alimentos, mais 775 toneladas que no ano passado, naquela que foi a maior acção de voluntariado de sempre em Portugal.

De acordo com a presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet, a recolha deste ano bateu recorde, quer de alimentos quer de voluntários envolvidos, conseguindo mais 30% de produtos que em Dezembro de 2009 – e somando cerca de 30 mil voluntários.

A recolha foi feita em 1.147 superfícies comerciais de Abrantes, Algarve, Aveiro, Braga, Coimbra, Cova da Beira, Évora, Beja, Leiria, Fátima, Lisboa, zona Oeste, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal, São Miguel, Viana do Castelo e Viseu e, pela primeira vez, na Ilha Terceira.

De acordo com relatos de responsáveis do Banco Alimentar, um pouco por todo o País, o número de voluntários era tão grande que, em algumas ocasiões, chegaram mesmo a haver filas para colaborar na recolha e armazenamento dos alimentos.

“É um recorde absoluto desde que estas campanhas de recolha se efectuam em Portugal”, explicou o Banco Alimentar em comunicado. “[Em termos de dimensão, esta campanha] constitui uma operação de voluntariado sem qualquer parelelo [em Portugal]”, disse o Banco Alimentar.

Recorde-se também que, e até 5 de Dezembro, está também disponível a Campanha “Ajuda Vale”, que permite a recolha de alimentos sob a forma de vales que representam seis produtos básicos à alimentação. Pingo Doce e Feira Nova, Dia/Minipreço, El Corte Inglês, Jumbo e Pão de Açúcar, Lidl, Modelo e Continente são os hiper e supermercados aderentes à campanha.

Nesta modalidade da campanha, cada pessoa continua a decidir o que quer doar, mas existe uma simplificação dos procedimentos logísticos.

“As quantidades de géneros recolhidos este fim-de-semana, apesar da profunda crise económica que afecta o País, mostram que os cidadãos portugueses são intrinsecamente generosos e aderem inequivocamente a projectos cujos objectivos compreendem”, continuo Isabel Jonet.

“Mostrámos todos que é possível reagir, sem desesperança, tomando entre mãos e contribuindo com aquilo que está ao nosso alcance para a resolução dos problemas mais prementes que afectam a nossa sociedade. Cá estaremos para provar que somos merecedores desta adesão, desta solidariedade e desta confiança”, continuou a responsável.

Os géneros alimentares recolhidos serão distribuídos a partir desta semana a mais de 1.800 instituições de solidariedade social, que os reencaminham para 280 mil pessoas com carências alimentares comprovadas, sob a forma de cabazes ou de refeições confeccionadas.

O primeiro Banco Alimentar Contra a Fome abriu em Portugal em 1991. Existem 232 bancos alimentares operacionais na Europa. Em 2009, estes bancos distribuíram 294.500 toneladas de produtos a 4,5 milhões de pessoas.





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