Henrique Jacinto: “O estado do ambiente e o estado pelo ambiente”



“RECENTEMENTE FOI TORNADO PÚBLICO o Relatório do Estado do Ambiente 2012 (REA), documento que deve ser visto como um instrumento essencial para as diversas entidades do sector, bem como aos operadores privados.

O documento, como não podia deixar de ser, percorre os diferentes sectores como o da água, das alterações climáticas, do ar, dos resíduos, dos solos e biodiversidade, ruído e riscos.

Todos estes temas estão interrelacionados. Daí a maior importância de incidir na sensibilização ambiental, como forma de contribuir para a sustentabilidade de todos eles na sua maior amplitude.

Toda a população sabe como as suas acções podem contribuir de forma positiva ou negativa para o estado do ambiente (fechar a torneira, apagar as luzes) e, talvez, como a reciclagem de resíduos permite reduzir as emissões de CO2, melhorando assim a qualidade do ar que todos respiramos.

Mas apenas não será estranho para alguns dizer que o tratamento adequado de resíduos pode ser uma fonte de energia, mas também uma fonte de matérias-primas para as nossas indústrias. Tanto a energia como as matérias-primas representam importações com custos elevados para o país.

Tenho a firme convicção que a generalidade dos portugueses não tem uma visão clara sobre estes temas, em parte por desinteresse, mas também pelas mensagens não serem simples e focadas nas vantagens individuais e colectivas.

Seguramente cada Português agiria de forma diferente ao não fazer a reciclagem em sua casa ou no momento de escolher onde colocar os seus resíduos, se entre o contentor de lixo doméstico ou o de recolha selectiva.

Num momento em que o país já estará munido dos principais meios para proceder ao tratamento da generalidade dos resíduos, os operadores públicos e privados devem focar os seus objectivos na procura de maior eficiência a montante do destino final.

Eficiência na sensibilização, trazendo a generalidade da população para estes temas, aumentando a separação na origem.

Eficiência na adopção das melhores soluções para o armazenamento temporário de resíduos (quer de proximidade, quer colectivas) que permita e facilite a cada um de nós fazer o que nos compete.

Eficiência nas soluções técnicas inovadoras e na gestão dos meios afectos às operações de recolha, por forma a obter poupanças importantes.

Em suma, eficiência na gestão integrada por forma a garantir as melhores práticas em todas as fases do processo, traduzindo-se assim num ganho para todos e para o Ambiente em geral.

Segundo previsões do “World Econonic Forum”, por volta de 2030 existirão no planeta Terra o triplo de pessoas da classe média. Considerando o histórico de consumo de um cidadão médio desta classe, serão necessário 3 planeta terra para suportar todo consumo.

Significa isto que é hoje uma certeza de que será necessário tomar medidas para termos uma economia mais sustentável e um maior balanço entre consumo humano e que os sistemas naturais.

Exemplo dessas práticas será ter em conta o ”ciclo de vida do produto” e o seu impacto em toda a sua cadeia de valor, desde as emissões de CO2 até à deposição em aterro.

Parte da solução passa pelo envolvimento dos consumidores, soluções inovadoras, reinventar modelos de negócio, fechar o ciclo de vida dos produtos e, não menos importante, regras e políticas para o sector público e privado.”

Henrique Jacinto é director-geral da OVO Solutions. Quer publicar o seu artigo no nosso agregador? Envie-nos o seu texto para info@greensavers.sapo.pt ou cmartinho@gci.pt. Estamos à procura da sua inspiração ou desabafo.





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