Semana Académica de Lisboa vai destruir dois anos de trabalho voluntário em Monsanto
A realização da Semana Académica de Lisboa (SAL) irá destruir “todo o trabalho feito por voluntários e associações durante dois anos”, no Parque Florestal de Monsanto. A denúncia chega da Plataforma por Monsanto, que avança que o evento teve parecer negativo dos técnicos da Câmara Municipal de Lisboa (CML).
“É uma enorme falta de coerência da CML, que, ao mesmo tempo que promove a participação dos cidadãos na requalificação do espaço público, é depois – por acção ou omissão – o agente responsável pela sua destruição”, avança a plataforma.
O SAL decorre de 13 a 18 de Maio, nos terrenos adjacentes ao Parque Florestal de Monsanto, no Alto da Ajuda, e prevê a participação de 20 mil pessoas. [“Estamos a falar de] consequências altamente nefastas para a flora, fauna e ambiente em geral”, explica a plataforma.
O terreno do evento tem sido alvo de uma requalificação contínua efectuada por técnicos da CML, com a participação de milhares de voluntários e associações. Todos estes têm contribuído para a reflorestação do local ou para a construção de linhas de água, naquela que é a maior bacia hidrográfica do Parque Florestal de Monsanto.
“A realização do evento irá destruir, para além de todo o trabalho voluntário e da própria CML realizado no local, o coberto vegetal, numa altura em que esta vegetação é extremamente importante para a fauna local”, continua a plataforma.
Esta é uma zona de excelência para a nidificação da perdiz vermelha, espécie endémica que existe apenas na Península Ibérica e que tem naquela zona do Parque Florestal de Monsanto, nesta altura do ano, um “oásis” para a sua reprodução. A realização do evento irá colocar em causa a população desta importante espécie que escolheu o Parque Florestal de Monsanto para nidificar.
“A realização desta iniciativa irá ainda produzir resíduos em grande escala, contribuir para a contaminação e compactação dos solos e diminuir a capacidade dos terrenos para absorver águas, o que poderá ter consequências gravíssimas nos bairros de habitação que se situam em redor”, avança a plataforma.
A Plataforma por Monsanto é constituída pela Associação dos Amigos e utilizadores do PF de Monsanto; Associação de Moradores do Alto da Ajuda; AMBEX, Associação de Moradores do Bairro do Calhau; QUERCUS; LPN; Grupo Ecológico de Cascais; Clube de Actividades de Ar Livre; Fórum Cidadania Lx; Associação Lisboa Verde; ASPEA; Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, GAIA, Clube Caminheiros de Monsanto, Liga dos Amigos do Jardim Botânico.