Funerais verdes aumentam nos Estados Unidos



Depois de uma batalha de dois anos contra o cancro, Joseph Fitzgerald estava decidido a deixar o seu lugar no mundo. Foi num tranquilo dia de Fevereiro, na zona rural da Flórida, que o seu corpo foi conduzido para o cemitério numa maca de bambu feita por membros da família.

Num ecologicamente aprovado “funeral verde”, Fitzgerald foi colocado para descansar num terreno cercado de carvalhos e musgo que havia ele próprio escolhido apenas alguns meses antes da sua morte, numa vala escavada à mão apenas dois dias antes.

Os enterros verdes são uma pequena mas crescente tendência na indústria funerária dos Estados Unidos, com um número cada vez maior de casas funerárias a oferecerem serviços amigos do ambiente e cerca de 30 cemitérios verdes presentes em todo o país.

Uma investigação recente, de 2008, revelou que 43% dos entrevistados considerariam a hipótese de terem um enterro verde – valor que representa um aumento significativo relativamente aos 21% que manifestaram curiosidade sobre estes funerais, num estudo realizado no ano anterior.

No Prairie Creek Conservation Cemetery, na Flórida, houve 43 funerais naturais com corpo, 14 funerais com os restos cremados e 10 enterros de animais, desde que o cemitério abriu, no final de Julho de 2010. “É muito mais natural e simples”, diz David Gold, 64 anos, que planeia ser aí enterrado. “É harmonioso.”

As pessoas que optam pelos funerais verdes não usam sepulturas de cimento, caixões tradicionais com metais ou quaisquer produtos químicos de embalsamamento. Em vez disso, o corpo é envolto em mortalhas biodegradáveis ​​ou colocado num caixão de pinho, onde se pode decompor e tornar-se parte da terra.

Outras opções disponíveis são os caixões verdes, muitas vezes chamados de eco caixões. Podem ser feitos de bambu, pinheiro, cartão reciclado ou até bananeira secas. Variam entre os €388 (R$ 1.023) e os €776 (R$ 2.046), dependendo do material.

Estima-se que mais de 60 mil toneladas de aço e 18,2 milhões de litros de formol sejam enterrados anualmente. Falamos de material suficiente para construir oito torres Eiffel e encher oito piscinas olímpicas, de acordo com o Huffington Post.

Os enterros verdes podem revelar-se menos dispendiosos do que os funerais convencionais, mas ainda são uma opção mais cara do que a cremação – que continua a ser uma preferência nos EUA.

Numa cerimónia fúnebre verde, a atenção recai sobre todos os detalhes, para garantir que nada vai prejudicar o ambiente. Desde a remoção de todos os objectos que não sejam biodegradáveis à colocação de um ramo na sepultura aberta para permitir a fuga de animais antes que o solo seja replantado, o resultado é um cemitério que se assemelha a um trilho natural.

Fitzgerald escolheu ser enterrado numa mortalha da Universidade de Michigan, um gesto final de tributo à sua devoção a todas as coisas do Michigan, que começou depois do seu pai o ter levado a assistir ao seu primeiro jogo futebol.

Depois de os amigos e familiares compartilharem lembranças, despediram-se com pás nas mãos, criando um monte de terra que, com o tempo, voltará à sua forma original.






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