Urso polar fêmea nada 232 horas consecutivas nas águas geladas do Alasca
Uma equipa de investigadores da US Geological Survey colocou uma coleira num urso-polar fêmea, para tentar descobrir por que é que estes animais têm capacidade de nadar. A fêmea nadou 687 quilómetros durante nove dias, 232 horas consecutivas, em águas geladas a norte do Alasca, no mar de Beaufort.
A coleira, com capacidade de enviar sinais por telemetria, monitorizou os movimentos do animal entre Agosto e Outubro de 2008, tendo seguido inteiramente, pela primeira vez, uma viagem destes mamíferos. “Este urso nadou continuamente durante 232 horas, 678 quilómetros e em águas que tinham entre dois e seis graus Celsius”, revelou o zoólogo George M. Durner, um dos autores do estudo.
Durante a viagem, o urso-polar fêmea perdeu 22% de gordura e uma cria de um ano e, após nove dias em mar alto, continuou a caminhar e a nadar intermitentemente por mais 1.800 quilómetros. “Estamos espantados que um animal que passa a maior parte do tempo em cima do gelo possa nadar continuamente por tanto tempo em água tão fria, é, realmente, uma característica extraordinária”, admitiu o investigador.
A equipa da agência norte-americana para a investigação geológica determinou o sítio exacto por onde o animal passou através de um GPS colocado na coleira e um aparelho debaixo da pele do urso verificou a sua temperatura, dando a possibilidade aos cientistas de saberem se este se encontrava na água ou à superfície. Os resultados foram publicados na revista Polar Biology.
Os ursos polares são obrigados, cada vez mais, a viajar grandes distâncias, na esperança de encontrar alimento, neste caso, focas, porque o seu habitat natural, as massas de gelo que existem por cima dos mares do Pólo Norte, está a diminuir, devido às alterações climáticas. No entanto, as viagens arriscadas e com um elevado custo energético levam ao emagrecimento dos animais, que, assim, têm menos sucesso na procriação.
Para George M. Durner, citado num artigo da Hype Science, os ursos polares são um dos mamíferos com maior risco de sobrevivência devido ao aquecimento global, uma vez que é uma das espécies que mais dependência tem do gelo.