Moda sustentável tem de apostar na estética para ter sucesso



Em Abril passado, mais de 1.100 pessoas morreram e 2.500 ficaram feridas após o colapso da fábrica de vestuário no edifício Rana Plaza, no Bangladesh. As marcas associadas à tragédia incluíam nomes como Mango, El Corte Inglés e Benetton. O tumulto inicial em torno do assunto foi grande, mas rapidamente se dissipou.

Embora os clientes dessas marcas tenham ganho uma visão um pouco mais nítida da realidade, nada glamourosa, por detrás da produção das peças de moda, o seu consumo não se alterou. Na verdade, os relatórios mostram que as exportações do Bangladesh têm aumentado.

A falta de dinamismo na mudança de comportamentos reforça o facto de que, quando ameaçadas com consequências assustadoras, as pessoas entram em negação e mantêm as más práticas. A melhor forma de promover a mudança de comportamento passa por não tentar assustar, mas sim oferecer uma alternativa mais atraente.

É aqui que entra a moda sustentável – segundo o Guardian, ela deve conviver com a moda tradicional, em vez de se promover como um movimento separado. Um relatório de 2011 do Ethical Fashion Forum explica que os clientes compram roupa baseados no design e estilo em primeiro lugar – as preocupações éticas são uma consideração secundária. Lojas com um modelo de descartabilidade – fast fashion – como a H&M vieram para ficar. Se a moda ética quer encontrar um lugar no mercado, vai ter de apostar numa oferta com aspecto semelhante ao destas alternativas – se não mesmo melhor.

As empresas e os estilistas éticos que promovem a mudança devem olhar para a moda que conquista as massas. Há que analisar o que é feito, o que as pessoas compram e tirar daí inspiração.

Neste momento, os clientes não gozam de uma boa oferta de produtos éticos atraentes a preços razoáveis. Muitos dos melhores estilistas já estão a incorporar elementos éticos nas suas práticas de design, mas não o anunciam abertamente porque a moda sustentável ainda é associada a uma má estética.

Mesmo assim, já existem plataformas que se dedicam a promover o melhor da moda ética, como a Shop Ethical e a Kaight. Estes espaços são um elemento fundamental para a oferta de um conjunto mais informado e transparente de opções. Quem sabe no futuro as pessoas se possam gabar, não de terem as roupas mais baratas, mas sim peças que são ecológicas, duráveis e provenientes de comércio justo.

Foto: Sob licença Creative Commons





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