Os bastidores da recuperação do Tejo Internacional



Durante anos, a Quercus foi adquirindo várias parcelas de terreno na zona conhecida hoje como Parque Natural do Tejo Internacional, num total de 600 hectares. Lá, a ONGA criou estruturas de acolhimento e dinamizou diversas actividades ligadas à conservação da natureza, educação ambiental e turismo de natureza.

Em 2008, um novo parceiro – a Brisa – entrou no projecto Tejo Internacional, numa área designada habitualmente entre o extremo sul do concelho de Castelo Branco – Malpica do Tejo e Monforte da Beira – e extremo sul e leste de Idanha-a-Nova – freguesias do Rosmaninhal, Salvaterra do Extremo e Segura. São 40 quilómetros confiantes com o rio Tejo.

Foi a Brisa, de resto, quem veio viabilizar o projecto, financiando o investimento necessário para o desenvolvimento das actividades no terreno, num total de €300 mil em cinco anos.

“A Brisa tem um papel de financiador, parceiro e promotor [do Tejo Internacional]”, explicou ao Green Savers o director de sustentabilidade da Brisa, Franco Caruso.

A intervenção da Brisa ocorreu em dois pólos. “O primeiro numa área de 410 hectares no Monte Barata, herdade situada nas freguesias de Malpica do Tejo e Monforte da Beira”, frisou Franco Caruso. Estes terrenos correspondem, em geral, a zonas relativamente declivosas ocupadas por áreas de matagal mediterrânico, manchas de montado de azinho disperso, manchas de olival tradicional, escarpas e afloramentos rochosos nas margens do rio Tejo e ainda vales de alguns barrancos afluentes deste rio.

“O segundo corresponde a cerca de 200 hectares, entre vários prédios rústicos da freguesia do Rosmaninhal, Idanha-a-Nova”, continuou o responsável. Esta herdade é constituída essencialmente por montado de azinho e sobro, possui 11 ha de olival, áreas de pastagem natural e algumas galerias de vegetação ribeirinha, mais ou menos preservadas ao longo das principais linhas de água

As grandes intervenções terminaram em 2011 e tiveram um efeito positivo sobre vários habitats, montado de sobro, tamujais, galerias ribeirinhas, zonas húmidas em geral e inúmeros grupos faunísticos dos mamíferos às aves, répteis, anfíbios e invertebrados, incluindo espécies raras e ameaçadas como a águia de Bonelli, águia imperial ibérica, abutre-negro, abutre do Egipto ou o gato-bravo.

Ainda que o período formal do protocolo tenha terminado em 2012, a Brisa continua ligada ao projecto, procurando contribuir para a sua dinamização e divulgação. “A protecção do ambiente e biodiversidade está explicitamente na agenda da Brisa há quase 30 anos”, relembra Franco Caruso.

Durante este tempo, a empresa foi “construído” um sistema de gestão ambiental que cobre todas as actividades por si desenvolvida, desde o projecto e construção até à operação. A empresa foi responsável, por exemplo, pelo primeiro estudo de impacte ambiental em Portugal, em 1987. Mais recentemente, e para responder a uma série de dúvidas ambientais, a empresa optou por construir os últimos 33 quilómetros da A2 sobre 29 viadutos, para minimizar os impactos na serra algarvia.

Ligação ao Tejo

A ligação da Brisa ao Rio Tejo ultrapassa o Tejo Internacional. A empresa financia ainda o EVOA (Espaço de Visitação e Observação de Aves), um projecto que preserva e promove um ecossistema único na região da Grande Lisboa. “O EVOA tem potencial como incentivo a um maior equilíbrio entre urbanização, agricultura e meio ambiente, numa região do País densamente urbanizada mas ainda muito rico do ponto de vista do capital natural”, continua Franco Caruso.

Com um investimento total de €2,5 milhões, nos últimos cinco anos, em programas de biodiversidade, a Brisa está agora focada na monitorização e acompanhamento dos projectos lançados, ajudando as partes interessadas na divulgação. Esta fase, de resto, é fulcral para assegurar a viabilidade dos projectos no médio e longo prazo, dando-lhes asas para subsistirem sozinhos.

“A parceria da Brisa com a Quercus demonstra como é possível, a uma empresa privada e com impacto no ambiente, criar sinergias com uma organização não-governamental ambiental, pondo de pé um projecto comum”, conclui o director de sustentabilidade da Brisa. “O profissionalismo da Quercus na gestão de projectos partilhados foi exemplar e permitiu tirar o máximo retorno do investimento realizado pela Brisa, em prol do meio ambiente e da sociedade em geral”.

Agora, no Tejo Internacional, ambas preparam-se para iniciar um programa de visitação em maior escala, que permite uma divulgação alargada do projecto, sensibilização de público não especializado para importância da biodiversidade, contributo para a investigação e visita de especialistas. Só assim o projecto sobreviverá por ele próprio.

Saiba mais sobre os projectos nos sites da Quercus e Brisa.

Foto:  Rui Ornelas / Creative Commons





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