“A espécie mais bonita que já vi.” Como foi descoberto o primeiro panda gigante
Apesar de serem hoje um dos animais mais conhecidos do mundo, nem sempre os pandas foram célebres. Há pouco mais de 150 anos, esta espécie era apenas conhecida por uma pequena parte do mundo oriental.
O panda foi dado a conhecer à cultura ocidental em 1869 por um padre e naturalista francês, Armand David. Em 1862, este padre foi enviado para a China para espalhar o cristianismo. Sendo um naturalista, Armand David participou em várias expedições durante a sua estadia. À medida que ia recolhendo espécimenes enviava-os para o Museu de História Natural em Paris.
Este padre é conhecido por ter identificado pela primeira vez o Elaphurus davidianus – cervo do padre David, de nome comum, também conhecido por milu. Tal como o panda, este animal também é originário da China e foi descoberto por Armand David durante a estadia no país.
O missionário teve o primeiro contacto com o panda através dos caçadores que contratou enquanto estava nas montanhas a noroeste da cidade de Chendgu, na região de Sichuan. Os caçadores trouxeram-lhe um urso preto e branco. O padre terá dissecado o animal e enviado a pele para Paris.
Separadamente, Armand David enviou uma carta para Alphonse Milne-Edwards, o seu contacto no Museu. Na carta, o missionário propunha o nome latim Ursus melanoleucus – urso preto e branco, literalmente. “Nunca vi esta espécie nos museus da Europa e é a mais bonita que já vi; provavelmente é nova para a ciência!”, afirmava o padre na carta, cita o Guardian.
O animal acabou por ser baptizado como Ailuropoda melanoleuca. A documentação enviada para pelo padre Armand David faz parte da Zooteca do Museu de História Natural de Paris, um cofre subterrâneo ao museu onde estão depositados milhões de animais conservados e dados sobre estes.