Veículos eléctricos: o futuro (também) está na energia solar (com VÍDEO)
Depois de um investimento de €15 milhões na instalação de 1.300 postos de carregamento para veículos eléctricos, a dura verdade é que a mobilidade eléctrica ainda não convenceu os portugueses – há apenas 300 veículos eléctricos no País.
Esta realidade não só está a pôr em causa o cumprimento do Livro Branco dos Transportes, desenvolvido pela Comissão Europeia, como adia sucessivamente o objectivo de termos cidades mais limpas, menos barulhentas e com menor impacto negativo na saúde dos seus habitantes.
“A Comissão Europeia quer chegar a 2050 com cidades livres de veículos convencionais. Portugal posicionou-se muito bem, está muito aberto à tecnologia. Mas temos de fazer mais investigação e tornar os veículos mais autónomos e com preços mais competitivos”, explicou ao Economia Verde Tiago Farias, professor do Instituto Superior Técnico.
Segundo Tiago Farias, é necessário ainda legislar para “garantir que o que se pretende para as nossas cidades do futuro são tecnologias que não poluam”.
Um das grandes dificuldades que se coloca, a médio e longo prazo, não está relacionada, porém com o preço ou autonomia dos veículos eléctricos. Os investigadores já procuram soluções para uma fase em que a implementação da mobilidade eléctrica é total e que, por isso, será preciso “alimentar” milhões e milhões de automóveis.
Uma equipa do Instituto Superior Técnico diz que a solução está na energia solar fotovoltaica. “A energia solar é captada durante o dia e, se houver uma penetração razoável dos painéis fotovoltaicos, teremos um excesso de energia eléctrica durante as horas de luz – sobretudo entre as 12h e as 16h. A nossa tese, que está a ser trabalhada, diz que deverão ser os veículos eléctricos a absorver esta energia”, continua o professor.
Na verdade, Portugal é um dos países europeus com mais horas de sol, mas o recurso é mal aproveitado. Em termos de geração de energia solar, estamos atrás de países como Alemanha. “Precisamos de investir mais [em energia solar] e incentivar o seu uso”, concluiu o responsável.
Esta poderá ser a chave para uma sociedade menos poluída e cidades mais limpas, através da diminuição do parque automóvel convencional, mas, para lá chegarmos, ainda muito tem de mudar na nossa sociedade. Ao nível tecnológico mas também comportamental e de hábitos de consumo.
Foto: francisco.j.gonzalez / Creative Commons