Olivier Establet, Chronopost: “A recolha de CD e DVD é uma iniciativa inovadora em Portugal e outros países europeus”
É uma das mais interessantes iniciativas do ano e coloca a Chronopost, definitivamente, no topo das empresas que realmente valorizam a inovação sustentável. A empresa colocou no terreno um mega-projecto de recolha de CD e DVD, que utiliza uma rede de 420 lojas já utilizadas pela Chronopost no seu dia-a-dia, e cujas receitas reverterão inteiramente para a plantação de árvores em Portugal.
Em entrevista exclusiva ao Green Savers, Olivier Establet, administrador-delegado da Chronopost em Portugal, explicou todo o projecto, a motivação da Chronopost para a sustentabilidade e o papel dos outros parceiros do projecto.
Como surgiu a hipótese de lançar esta campanha? De quem partiu a ideia?
O EcoPick é uma iniciativa da Chronopost, em parceria com a Quercus e com o apoio da secretaria de Estado do Ambiente. O desenvolvimento sustentável e a preocupação com o ambiente é um factor crítico na cultura da Chronopost Portugal, que se compromete a melhorar de forma contínua o seu desempenho ambiental através de uma utilização eficiente dos recursos e minimizando os impactos ambientais. Foi assim que nasceu a ideia de desenvolver este projeto, através do qual a Chronopost pretende prestar um contributo social e ambiental, suportando a reciclagem de um material ainda sem solução em Portugal, os CD e DVD, e que até à data eram encaminhados para aterro.
A quem vão vender este resíduo e quanto esperam receber?
Os materiais que forem recolhidos serão vendidos à Copolymer. As receitas geradas com a reciclagem dos CD e DVD usados reverterão na totalidade para a plantação de árvores em território nacional, através da Fundação Floresta Unida.
Quantos CD e DVD esperam recolher? Até quando decorre a campanha?
Face à crescente evolução tecnológica e ao previsível desaparecimento dos suportes de armazenamento de informação descartáveis, a principal preocupação das entidades envolvidas no projeto é recolher o histórico acumulado destes resíduos e promover o seu correto encaminhamento, evitando a deposição em aterro. A campanha vai funcionar por seis meses, sendo que a mesma poderá ser dilatada em função das necessidades que se vierem a verificar.
Já sabem onde serão plantadas as árvores?
Ainda não. Este processo vai ser gerido em conjunto com a Floresta Unida, em função das áreas que mais necessitem de intervenção no território nacional.
Onde podemos saber em que local estão situados os 420 pontos da rede Pick Me?
Inicialmente, a campanha vai arrancar na rede Pick Me. Todos os interessados em entregar os seus CD e DVD poderão consultar o local mais próximo da sua casa ou local de trabalho no nosso site http://www.chronopost.pt/pick-me. Esta rede é constituída por mais de 420 lojas, nomeadamente em centros comerciais, na sua maioria a funcionar em horários alargados e sete dias por semana. Assim, qualquer pessoa poderá aproveitar a sua deslocação a uma papelaria ou lavandaria, entre outras lojas da rede, para deixar este material no recipiente que foi criado especificamente para o efeito. No caso dos utilizadores que possuam grandes quantidades destes resíduos, poderão entregá-los diretamente na sede da Chronopost em Lisboa.
Quanto vai investir a Chronopost neste projecto?
Estes materiais serão recolhidos pelas equipas que constituem os nossos circuitos de distribuição, sendo trazidos para as nossas instalações e, posteriormente, encaminhado para a entidade recicladora. O investimento foi sobretudo na produção dos recipientes para estarem nas lojas que fazem parte da rede. O destino final para efeitos de valorização será assegurado por operadores de gestão de resíduos devidamente licenciados.
Que outros projectos ligados à sustentabilidade tem desenvolvido a Chronopost e que outros tenciona lançar a curto ou médio prazo?
Esta iniciativa veio juntar-se a outras que a empresa já desenvolveu como a utilização de veículos exclusivamente elétricos, como o ChronoCity – um pequeno veículo para entregas nos centros urbanos -, ou ainda o curso de eco-condução que é ministrado a todos os nossos operadores de distribuição – e que tem apresentado óptimos resultados na redução dos consumos de combustível.
Quanto investe a Chronopost, por ano, nas estratégias de sustentabilidade?
O nosso investimento tem sido sobretudo para permitir a adopção de estratégias e medidas que visam a redução da pegada de carbono, de que são exemplos as facturas eletrónicas – presente em mais de 70% dos nossos clientes -, a utilização de tecnologia de iluminação LED nas instalações, que já possibilitou uma poupança de energia de 60%, a aquisição de viaturas eléctricas ou a utilização de car-ship nas viaturas da frota.
A campanha vai ter outros parceiros, como a Amb3E, APED, Ecopilhas ou Sociedade Ponto Verde. Por que razão “chamaram” ao projecto estas entidades e qual o papel de cada uma?
São entidades que estão envolvidas na recolha de outros resíduos e daí a sua ligação ao projecto. Estes parceiros vêm, sobretudo, pela ligação que têm à Agência Portuguesa do Ambiente e que não quiseram, eles mesmos, dissociar-se da iniciativa.
Conhecem algum país que já tenha desenvolvido um projecto semelhante de recolha de CD ou DVD, ou esta é uma inovação portuguesa?
Tanto quanto sabemos esta é uma iniciativa sem par em Portugal e, inclusivamente, em vários países europeus.
Foto: Patrice Maurein