Homem desiste de viajar de avião para combater alterações climáticas



Adam Weymouth demorou 247 dias para chegar de Inglaterra a Istambul, na Turquia, a pé – cerca de 5.633 km. Se tivesse ido de avião teria demorado apenas quatro horas. Mas a intenção deste britânico não era chegar a Istambul o mais rapidamente possível e muito menos de avião.

Weymouth era um utilizador frequente do avião mas, gradualmente, a sua atitude em relação ao ambiente começou a mudar e o britânico tornou-se mais consciente para com as alterações climáticas e o impacto humano na natureza. “Os voos foram-se tingindo de culpa e as atitudes de compensação da pegada ecológica pareciam apenas aliviar temporariamente o impacto. Adicionalmente, as mudanças que estava a fazer na minha vida pessoal pareciam insuficientes para a dimensão do problema”, escreve o britânico para o Grist.

“Em pouco tempo dei por mim no telhado do parlamento escocês, a pendurar bandeiras e a protestar propostas de expansão de estradas por toda a Escócia. À medida que a polícia e as câmaras de televisão focavam as atenções em nós, percebi que iria ser difícil justificar a mim próprio a utilização do avião”, explica.

Porém, viajar era muito importante para Weymouth, que queria perceber se conseguira ter aventuras comparáveis mas sem ter de utilizar um avião. No início de 2010 deixou a sua casa e embarcou numa viajem a pé, de quase um ano. “A ideia era colocar-me no mundo da forma mais simples possível e ver o que acontecia”, indica.

Pelo caminho, Weymouth desenvolveu uma espécie de fé nos estranhos que encontrava pelo caminho, que lhe possibilitava a entrada na vida de desconhecidos como nunca antes havia experimentado. “Todos os dias era cuidado pela generosidade de estranhos a um ponto que eu nunca tinha esperado antes de embarcar na viagem”, conta o britânico.

Weymouth era convidado pelas pessoas dos mais diversos países a entrar nas suas casas para um café, para um almoço de domingo ou para uma dormida. Conseguiu dormir em celeiros, igrejas e mesquitas. “Como estranho, comecei a ver o quão crucial essas interacções foram. Comecei por me questionar se os esforços para eliminar riscos estão a destruir as coisas que realmente nos podem manter seguros, coisas como uma comunidade forte e uma abertura a desconhecidos”, afirma.

Oito meses depois de ter deixado Inglaterra, Weymouth chegou a Istambul, tendo atravessado 12 países, três estações e gasto dois pares de botas. “Do outro lado do Bósforo sopravam ventos quentes que falavam de desertos e eu senti-me como se finalmente tivesse chegado”.





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