Estilista brasileiro recria vida de rio com materiais reutilizados



O estilista brasileiro Ronaldo Fraga navegou pelo rio São Francisco em 2008, com a desculpa que precisava inspirar-se para a sua nova colecção, lançada no Verão do ano seguinte, mas as imagens que registou não mais lhe largaram o imaginário. Agora, partilha esse mesmo cenário com a população de, pelo menos, uma dúzia de cidades, através de uma exposição itinerante.

O filho de pescador, que todos os dias da sua infância aprendeu que um peixe do São Francisco vinha carregado de histórias, pessoas e fantasias, reutilizou vários materiais, como garrafas de plástico ou latas, para estabelecer um diálogo entre a narrativa da moda e a rica cultura do rio. “São costurados juntos, porque a história do rio não cabe apenas numa colecção, num livro ou numa exposição”, diz o artista, no site do projecto.

A mostra, que está em São Paulo até domingo e depois viajará até ao Rio de Janeiro, segundo o Planeta Sustentável, relembra os viajantes que atravessaram o mais longo rio do território brasileiro e o quarto mais longo da América do Sul, através de malas usadas. As cidades ribeirinhas e as suas populações regressam à vida, assim como a religião e as superstições que, claro está, têm aquelas águas como imaginário. Fraga foi mais longe e engarrafou-as em garrafas, de várias partes daquele leito, que a humanidade continua a poluir, danificar e até mesmo secar.

O governo brasileiro, aliás, tem um plano para desviar o curso do rio e levá-lo para zonas mais secas.  À primeira vista, parece uma forma simples de facilitar a vida das populações que vivem em áreas menos produtivas, mas os críticos alertam para o facto de 70% das águas desviadas se destinarem ao ciclo de produção de grandes empresas e fábricas.





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