Rato virtual pode vir acabar com os testes em animais num futuro próximo



Os testes médicos em ratos de laboratório é um assunto que cada vez gera mais polémica. Se por um lado foram possíveis grandes avanços na medicina graças aos testes realizados nestes animais, por outro, para que os testes sejam feitos, é necessário sujeitar criaturas inocentes a uma vasta gama de experiências que podem ser cruéis e dolorosas.

Porém, para alívio dos animais e dos defensores dos seus direitos, os investigadores do Human Brain Project – um projecto de investigação de dez anos na área das neurociências, financiado pela Comissão Europeia – estão a trabalhar numa maneira de permitir à ciência continuar a testar métodos e medicamentos sem que para isso seja utilizada a vida de um animal. Para tal, estão a construir um rato virtual que será um modelo computacional exacto de um rato real para que as futuras investigações médicas possam ser modeladas de forma tão precisa como se estivessem a ser testadas em ratos verdadeiros.

De momento, a equipa já conseguiu mapear cerca de 200.000 neurónios do cérebro dos roedores e fazê-los corresponder às diferentes partes do corpo que são responsáveis pelo seu estímulo. Por exemplo, tocar nos bigodes do rato virtual activa as partes correspondentes do córtex sensorial do animal. “Replicar os estímulos sensoriais e as respostas motoras é uma das melhores maneiras de avançar num modelo cerebral análogo a um cérebro real”, explica Marc-Oliver Gewaltig, especialista em neuro-robótica e investigador principal do estudo, em comunicado.

O cérebro de um rato tem 75 milhões de neurónios e, como tal, ainda há muito trabalho para ser feito. Mas os investigadores estão a avançar com alguma celeridade e a primeira versão do software vai ser disponibilizada a colaboradores do estudo já em Abril.

Os cientistas estão a recolher os seus pontos de dados a partir de dados biológicos recolhidos pelo Allen Brain Institute, em Seattle, e do Biomedical Informatics Research Network, em San Diego, ambos nos Estados Unidos. Quando o modelo estiver concluído será disponibilizado aos cientistas de todo o mundo e poderá vir a acabar com os testes em ratos de laboratório.

Foto: Human Brain Project





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