A chuva chegou, mas chegou tarde. Colheitas do verão em risco devido à seca, alerta Comissão Europeia



A chuva dos últimos dias permitiu aliviar as condições de seca em diversas regiões na Europa, e em Portugal registou-se “um aumento significativo e generalizado dos valores de percentagem de água no solo em todo o território”, de acordo com o Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA).

Contudo, o serviço científico da Comissão Europeia (JRC) revela que “a melhoria das condições meteorológicas chegou demasiado tarde para beneficiar significativamente as colheitas do verão”.

“A seca veranil que pressionou a Europa chegou ao fim na maioria das regiões”, explicam os especialistas, mas as altas temperaturas e a falta de água no solo resultaram “numa maior redução das previsões” para as colheitas de verão, que, apontam estimativas de Bruxelas, estão hoje abaixo da média dos últimos cinco anos.

Áreas de preocupação na UE – Colheitas verão/inverno
Fonte: Joint Research Centre

Relativamente às culturas de arroz, especialmente vulneráveis à pressão hídrica, as estimativas apontam para uma quebra de 21% na produção este ano.

Em Itália, a chuva de setembro trouxe algum alívio às regiões do nordeste desse país, mas as zonas centrais e a noroeste continuam a sofrer com a escassez de humidade no solo e com a falta de água para irrigação.

Nos países do Benelux (Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo), na parte ocidental da Alemanha e na Croácia a seca continuou a fazer-se sentir nos primeiros dias de setembro, afetando principalmente as culturas do milho, da beterraba e da batata. Na Hungria e na Roménia, “duas ondas de calor consecutivas afetaram negativamente as já enfraquecidas culturas de verão”, aponta o JCR.

“O défice de precipitação na maior parte do norte da Europa (Dinamarca, Suécia, países bálticos e Finlândia) criou condições subótimas para a plantação das colheitas de inverno e causa atrasos”, indicam os especialistas, referindo que um cenário semelhante é observável na Eslovénia.

Já em Espanha, a seca está a enegrecer as previsões para as colheitas da próxima época, “numa altura em que os solos estão muito secos e as reservas de água precisarão de muito mais chuva do que o habitual para serem reestabelecidas”.

Ainda na Península Ibérica, os especialistas europeus apontam que setembro trouxe “condições ligeiramente mais frescas do que é habitual”, depois de nos meses de junho, julho e agosto as temperaturas terem registado máximos históricos, com ondas de calor que fizeram os termómetros ultrapassar os 40 graus em várias regiões do país.

Apesar da chuva registada nos últimos dias, o JCR aponta que em Espanha e em Portugal a chuva ainda não caiu em quantidade suficiente para rejuvenescer as pastagens, que, assim, continuam a ser atingidas pela seca.

Ainda relativamente ao arroz, o relatório do serviço europeu indica que essas culturas “foram negativamente afetadas pelo tempo quente e seco no sul da área do Alentejo Litoral”, em contraste com a ligeira recuperação das condições favoráveis na Área Metropolitana de Lisboa e na Lezíria do Tejo.

Os cientistas alertam que “os níveis de água na maioria dos reservatórios no sul [de Portugal] estão baixos”, afetando a irrigação no Alentejo ocidental, em particular na bacia do rio Mira, mas apontam que “a atual campanha de irrigação na bacia do Guadiana parece estar assegurada”.





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