A evolução do imobiliário comercial para as cidades do futuro
por: Séverine Boutel Bodard, Administradora da Ceetrus Portugal
A forma como as cidades se organizam, e quem nelas habita, bem como a forma como se comportam, está em constante transformação. É por isso necessário estar em constante escuta e observação, e ter coragem de fazer evoluir o imobiliário comercial a par com a sociedade, o que se reflete na forma como este se deve adaptar para responder, de forma positiva, às novas necessidades. Isto tem um impacto natural na forma como devem ser desafiados os projetos atuais e futuros.
Hoje é crucial pensar os projetos de raiz como projetos de impacto positivo a todos os níveis, assegurando o foco na mobilidade sustentável e nas energias renováveis, bem como em políticas de inovação social e economia circular, tornando-os parte integrante dos territórios em que se inserem. Ter em conta as necessidades e o impacto que os projetos geram nas comunidades locais está, e vai estar, em primeiro plano. Não podem figurar como um elemento alienado do tecido urbano, e é essencial que coabitem em estreita relação com o ecossistema envolvente, criando dinâmicas que vão para além do que é a sua atividade principal, através da relação entre as restantes componentes da vida das pessoas a quem se destinam: vivência, trabalho, educação, saúde, entre outras.
Nesse sentido, independentemente do momento da construção, é importante que haja uma gestão dos edifícios com a mesma ambição de gerar impacto positivo, para que tenham a capacidade de antecipar e se adaptar, evoluindo em função do contexto social em que se inserem. Por exemplo, há 15 anos a implementação da tecnologia LED não estava suficientemente massificada ao ponto de ser economicamente viável, contudo, seguiu-se o caminho de adaptar os edifícios datados dessa época e de investir ao longo do tempo para que pudessem passar a contar com este tipo de tecnologia, que é, nos dias de hoje, um elemento básico em qualquer edifício, tal como aconteceu, por exemplo, nos ativos que gerimos. Da mesma forma que não existiam veículos elétricos ou híbridos com a mesma escala de hoje, logo não havia postos de carregamento elétricos, que hoje são uma realidade e que marcam a configuração de áreas como as de estacionamento, para além das infraestruturas inerentes ao seu funcionamento.
Desde uma eficiente utilização de recursos naturais, como a construção de edifícios auto sustentáveis, com vista ao baixo consumo de água e à circularidade dos resíduos, até a vegetalização dos edifícios para reduzir o impacto da construção nas cidades, todas estas medidas têm em comum uma estratégia de redução da emissão de carbono no meio em que se inserem. Adicionalmente, promovem um impacto positivo nas mais variadas vertentes dos espaços onde o imobiliário comercial se insere, com benefícios para o ambiente, para o crescimento económico e para o bem-estar dos territórios e das pessoas que aí vivem, traçando o caminho mais sustentável para as cidades do futuro.