A história do advogado que vai processar Pequim por causa da poluição



Cheng Hai é a voz de grande parte da classe média chinesa, exausta de lidar diariamente com as consequências da cada vez maior poluição que invade os céus de Pequim. Advogado de profissão, Cheng Hai está decidido a lutar com todas as armas para combater a poluição que assombra grande parte do território chinês.

“Há quem pense que, com o desenvolvimento económico, a poluição atmosférica é inevitável, mas isso é um erro”, disse Cheng, em declarações à Associated Press. “Temos leis que protegem a qualidade do ar e níveis altos de poluição podem ser evitados se estas foram devidamente aplicadas”, acrescentou o advogado que vai avançar com um pedido de compensação financeira ao governo de Pequim, alegando “elevado desgaste emocional e danos para a saúde”.

Mesmo depois de há três anos o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, ter declarado “guerra à poluição”, a qualidade do ar nos céus chineses continua muito distante dos níveis tidos como aceitáveis. Várias medidas têm sido postas em prática desde então, como o encerramento de algumas fábricas e a proibição de circulação para automóveis mais poluentes, com os dados a indicarem que a qualidade do ar tem vindo a melhorar progressivamente desde então. Mas para Cheng Hai, e toda a comunidade que representa, estes resultados estão longe de ser positivos.

Com muita frequência somos confrontados com notícias, como esta, que dão conta da necessidade de medidas de emergência para controlar a poluição em Pequim. A concentração média de partículas PM 2,5, as mais finas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões, vai contra todas as recomendações da Organização Mundial de Saúde, com valores sete vezes acima do nível máximo aconselhado por esta instituição.

“Nós somos vítimas da poluição e temos o direito de pedir ao governo um pedido de desculpa e uma compensação”, afirmou o advogado Yu Wensheng, natural de Pequim, e solidário com a luta de Cheng Hai.

A abertura destes processos e do pedido de compensação é, para os queixosos, uma chamada de atenção para a grave situação que assola o meio ambiente chinês. É igualmente um alerta mundial para a inércia revelada pelas autoridades locais para lidar com as consequências ambientais de três décadas de intenso desenvolvimento económico.

Estimativas indicam que em 2017 as autoridades de Pequim vão gastar perto de 2,5 mil milhões de dólares para combater os efeitos da intensa poluição. Encerrar/modernizar o tecido fabril do país – actualmente muito poluente-, apostar nas energias limpas em substituição do carvão, e por fim eliminar cerca de 300 mil carros poluentes são os desafios futuros para Pequim.

Foto: via Creative Commons 





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