A junção do pastoreio de ovelhas e de painéis solares pode ser promissora, revela novo estudo
Num mundo em que o eficiente e o sustentável são questões cada vez mais prementes, as energias renováveis não podem ser deixadas de parte. Devem sim ser adaptadas em todo o mundo e ajustadas às diferentes necessidades e possibilidades de cada região.
Quando se fala na energia fotovoltaica, originada pela luz solar, surgem novos problemas: onde se devem colocar os painéis? será que estes beneficiam ou prejudicam ainda mais os terrenos onde são colocados? Será a longo prazo uma ameaça à produtividade da terra?
Recentemente uma equipa da Oregon State University, nos Estados Unidos, investigou o funcionamento de um sistema agrivoltaico, no qual se junta o pastoreio de ovelhas e os painéis solares no mesmo terreno, e os resultados foram bastante positivos.
Os investigadores compararam o crescimento de cordeiros em pastagens com e sem painéis solares, nos anos de 2019 e de 2020, e chegaram aos seguintes resultados:
- Os cordeiros ganharam quase a mesma quantidade de peso nos dois tipos de pastagem;
- O consumo diário de água dos cordeiros nos dois tipos de pastagem na primavera de 2019 foi semelhante durante o início da primavera, mas os cordeiros em pastagens abertas consumiram mais água do que os que pastavam sob painéis solares no final da primavera – devido às sombras que os painéis disponibilizam. Já no ano de 2020 não houve qualquer diferença;
- Durante os dois anos as pastagens com painéis solares produziram 38% menos forragem do que as pastagens abertas;
- O retorno do pastoreio foi de 1.046 dólares por hectare por ano em pastagens abertas e 1.029 dólares por hectare por ano em pastagens com painéis solares.
“O retorno geral é quase o mesmo, e isso não leva em consideração a energia que os painéis solares estão a produzir. Se projetássemos o sistema para maximizar a produção, provavelmente obteríamos números ainda melhores”, garante Serkan Ates, co-autor do artigo.
A equipa chega assim à conclusão de que este sistema é promissor e trás benefícios não só a nível agrícola como energético.
“O crescimento comparável de cordeiros na primavera e a produção de peso vivo por hectare de pastagens abertas e solares demonstram que os sistemas agrivoltaicos não diminuiriam o valor de produção e o potencial da terra. (…) Além do aumento da produtividade da terra e melhoria do bem-estar animal, os resultados deste estudo apoiam os benefícios do agrivoltaico como um sistema agrícola sustentável”, afirmam os autores no artigo.