A sexta extinção em massa também ameaça o abastecimento mundial de alimentos



A sexta extinção em massa da vida selvagem mundial já está em andamento e pode ameaçar seriamente o abastecimento alimentar mundial, são as conclusões de um relatório apresentado hoje pela Bioversity International. 

Segundo Ann Tutwiler, directora geral desta organização de pesquisa que defende a biodiversidade como forma de sustentabilidade do planeta: “Grandes proporções das espécies de plantas e animais que formam a base do nosso abastecimento alimentar estão tão ameaçadas [como a vida selvagem] e quase não recebem atenção”.

A poluição em terra e dos oceanos, a destruição de áreas selvagens, e a exploração excessivas dos recursos do planeta iniciaram uma extinção em massa de espécies. O foco de todos os estudos até agora tem sido nos animais selvagens – metade dos quais desapareceram nos últimos 40 anos -, mas este relatório revela que o abastecimento de alimentos que sustenta a humanidade também está sujeito às mesmas pressões, e que pelo menos 1.000 espécies cultivadas já estão sob ameaça (veja-se o caso do cacau e do café).

“Se há uma coisa que não podemos permitir que desapareça são as espécies que fornecem o alimento que sustenta a todos e cada um dos sete mil milhões de pessoas do nosso planeta”, disse ao The Guardian. “Esta ‘agrobiodiversidade’ é um recurso precioso que estamos a perder e, no entanto, também pode ajudar a resolver ou mitigar muitos desafios que o mundo enfrenta. Tem um papel crítico, porém negligenciado, em ajudar a melhorar a nutrição global, reduzir o impacto sobre o meio ambiente e adaptar-nos às alterações climáticas”.

Partindo do facto de três quartos da comida mundial hoje serem proveniente de apenas 12 culturas e cinco espécies de animais, os especialistas defendem que isso deixa a nossa alimentação muito vulnerável ​​a doenças e pragas que podem acabar com grandes áreas de monoculturas, como aconteceu durante a peste da batata e que levou à “Grande fome de 1845–1849 na Irlanda”, matando um milhão de pessoas à fome. Da mesma forma, depender de apenas algumas espécies quando vivemos num mundo em mudanças (climatéricas) é um risco acrescido, principalmente com a população mundial a crescer. 

Para esta especialista em políticas agrícolas, salvar a ‘agrobiodiversidade’ do mundo também é vital para enfrentar um dos principais problemas da humanidade: a má nutrição, seja ela devida ao excesso ou à falta de alimentos. “Não estamos a ganhar a batalha contra a obesidade e a desnutrição”, disse Tutwiler ao jornal britânico. “As dietas pobres devem-se em grande parte a não consumirmos diversidade suficiente”.

O novo relatório, intitulado “Integração da Agrobiodiversidade em Sistemas Alimentares Sustentáveis“convida governos e empresas mundiais a proteger, melhorar e usar a grande variedade de culturas pouco conhecidas. Existem dezenas de milhares de espécies selvagens ou raramente cultivadas que poderiam fornecer riqueza e variedade de alimentos nutritivos, resistentes a doenças e tolerantes ao ambiente em mudança. De resto, todo o estudo é rico em dados, case studies e indicadores que podem ajudar a rastrear o progresso, abordando quatro questões-chave: dietas saudáveis, produção, sistemas de sementes e conservação. 

Foto: Bioversity International





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