“A Shell está a tentar silenciar as minhas reivindicações legítimas”: Petrolífera processa Greenpeace e exige fim de protestos
A petrolífera Shell está a processar a organização ambientalista internacional Greenpeace por alegados danos causados durante a ocupação de um dos seus navios petroleiros que navegava a Norte das Ilhas Canárias no final de janeiro deste ano, e que se encaminhava para o Mar do Norte.
O processo deu entrada num tribunal britânico e, de acordo com a Greenpeace, a Shell exige uma compensação de cerca oito milhões de euros (8,6 milhões de dólares) caso a organização ambientalista não se comprometa a nunca mais protestar nas suas instalações, no mar ou em terra.
A Greenpeace considera que a ação legal é uma tática de “intimidação” que pretende “silenciar o crescente descontentamento relativamente aos planos do diretor-executivo da Shell, Wael Sawan, para duplicar o investimento nos combustíveis fósseis e abandonar qualquer ideia de transição para as renováveis”.
Citado em comunicado, Yeb Saño, responsável da Greenpeace para o sudeste asiático e um dos quatro ambientalistas que subiu a bordo do petroleiro da Shell no início do ano, afirma que “a Shell está a tentar silenciar as minhas reivindicações legítimas”, argumentando que a empresa “tem de parar a sua procura insensata e gananciosa por combustíveis fósseis e assumir responsabilidade pela destruição que está a lançar sobre o mundo”.
“Eu estarei presente em tribunal e combaterei”, garante Saño, que assegurou que se a Shell continuar as suas operações se exploração de combustíveis fósseis, “eu recuso a parar de lutar por justiça climática”.
Areeba Hamid, uma das responsáveis da Greenpeace UK, acusa o diretor-executivo da Shell de tentar “esmagar a capacidade de protesto da Greenpeace”, afirmando que o processo deve ser anulado.
A organização insiste que o protesto de janeiro foi pacífico, que os ativistas subiram a bordo do petroleiro e somente colocaram faixas nas quais se podia ler “Parem de perfurar. Comecem a pagar”.
De acordo com a imprensa internacional, a Shell confirmou o processo lançado contra a Greenpeace, argumentando que teve de incorrer em custos adicionais para garantir a segurança dos manifestantes, e que, por isso, tem o direito de reaver o dinheiro gasto em resposta “às ações perigosas da Greenpeace”.
Se a organização ambientalista se comprometer a nunca mais protestar nas suas instalações, a Shell está disposta a baixar o valor da compensação para cerca de 1,3 milhões de euros.
Em resposta, a Greenpeace diz que aceitará as condições da Shell apenas se a empresa se comprometer a reduzir em 45% as suas emissões poluentes até 2030, face a nível de 2019, em todas as suas operações.
As negociações entre ambas as partes terminaram no início deste mês, mas ainda se aguarda a decisão da Shell sobre se levará mesmo a Greenpeace a tribunal ou se aceitará os termos apresentados pelos ambientalistas.