A sustentabilidade está nos detalhes



por Gema Escudero Samaniego, Head of Sustainability for Southern Europe da Canon

A adaptação às novas práticas de trabalho apresenta uma incrível oportunidade para avaliarmos e ajustarmos a nossa abordagem à sustentabilidade. As mudanças não têm de ser extremas; podem passar por múltiplas ações pequenas mas eficazes, como aderir à reciclagem, utilizar materiais reutilizados, fazer a transição para modos de produção mais amigos do ambiente e rever as melhores práticas do transporte e embalamento. Pequenas vitórias numa grande diversidade de áreas podem causar um impacto significativo.

Reduzir, reutilizar, reciclar

Desde separar o papel, plástico e cartão utilizados no escritório a reduzir a utilização de talheres descartáveis, as iniciativas de sustentabilidade começam muitas vezes nos pequenos detalhes. Isso passa, obrigatoriamente, pelas decisões relativas a equipamento e tecnologia. A razão é óbvia: a tecnologia – como PCs, portáteis e smartphones – representava apenas 1% da pegada de carbono mundial em 2007. Hoje, esse número já triplicou e está a caminho de ultrapassar os 14% até 2040 [1]. Ainda que a tecnologia seja intrínseca às empresas modernos, ainda existem pequenas – e extremamente benéficas – mudanças que elas podem fazer para enfrentar um dos problemas ambientais mais sérios.

Por exemplo, manter um telefone de negócios por três anos em vez de dois, ou um portátil por seis anos em vez de cinco, pode impactar a utilização de materiais por parte de uma empresa. Se tal for feito a uma escala nacional, haverá menos procura por tantos equipamentos novos a cada ano, o que também reduz a quantidade de matérias-primas utilizadas para lhe dar resposta. Quando as empresas necessitam de novos produtos, podem optar por equipamentos refabricados ou recuperados; para além de terem menor impacto ambiental, as empresas podem economizar, em média, 30-50% do seu preço de venda, em comparação com o mesmo equipamento quando novo [2].

Para além disso, graças a rankings e prémios, os clientes têm uma maior visibilidade sobre as marcas e os produtos que são menos nocivos para o ambiente.

Reduzir as viagens diárias

Formas mais ecológicas de viajar para o trabalho todos os dias – ou de não viajar de todo -podem também ser benéficas. Em média, um espaço de coworking, como por exemplo um escritório comum a várias empresas e perto de casa, pode ajudar a criar poupanças anuais de emissões de carbono na ordem das 118 toneladas métricas, entre agora e 2029 [3]. Antes da pandemia, algumas empresas já tinham introduzido políticas de trabalho mais flexíveis – permitindo às pessoas trabalhar a partir de casa ou num espaço de coworking num ambiente ágil. Agora, muitas empresas apoiam um misto de trabalho remoto e no escritório [4], reduzindo as emissões de carbono e aumentando, em simultâneo, o bem-estar das equipas.

A tecnologia está a tornar tudo isto possível. Com as soluções e as capacidades de impressão adequadas, os trabalhadores podem fazer uma transição harmoniosa entre o escritório e o seu espaço de trabalho remoto.

Colher os benefícios

Com tantas oportunidades para cumprir os objetivos de sustentabilidade de forma gradual, é importante recordar porque vão continuar a ser tão importantes durante a próxima década. Um relatório publicado em 2020 [5] concluiu que 80% dos europeus pensa que as grandes empresas e indústrias não estão a fazer o suficiente para ajudar o ambiente -sugerindo que as empresas que se esforçarem por fazer uma diferença positiva podem atrair clientes, e aquelas que não o fizerem podem perdê-los.

Agir quanto à sustentabilidade pode também aumentar as hipóteses de atrair e reter o talento. Um inquérito de 2020 sobre as opiniões dos millennials em 43 países concluiu que 61% pensava que o seu empregador estava a agir corretamente para reduzir o seu impacto no ambiente; e que esta percentagem era mais elevada (por 22%) entre aqueles que pretendiam ficar nos seus trabalhos durante os próximos cinco ou mais anos, em comparação com aqueles que esperavam mudar de trabalho relativamente rápido [6].

Atualmente, a sustentabilidade empresarial já não é uma questão sobre a qual se possa pensar “se”, mas sim “quando”. As boas notícias são que, ao se focarem nos detalhes e adotarem pequenas mudanças, as empresas conseguem ter um impacto muito significativo. Tudo o que é necessário é que deem o primeiro passo.

[1] www.sciencedirect.com/science/article/pii/S095965261733233X?via%3Dihub

[2] https://www.entrepreneur.com/article/44784

[3] https://assets.regus.com/images/nwp/the-flex-economy-report.pdf#_ga=2.97127831.902267284.1582023864-1462279973.1581936088

[4] www.worldfinance.com/strategy/out-of-office-the-global-shift-towards-remote-working

[5] https://ec.europa.eu/commfrontoffice/publicopinion/index.cfm/ResultDoc/download/DocumentKy/89564

[6] www2.deloitte.com/global/en/pages/about-deloitte/articles/millennialsurvey.html





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