Acabadas de descobrir, estas duas novas espécies de tarântulas já estão ameaçadas de extinção
Foi nas encostas dos Andes, no Equador, que duas novas espécies de tarântulas, até agora desconhecidas da Ciência, foram descritas. Pertencem ambas ao género Psalmopoeus e têm hábitos de vida arborícolas.
Uma das espécies, batizada com o nome científico Psalmopoeus chronoarachne, foi encontrada em fevereiro deste ano, numa árvore, a cerca de 1,5 metros do solo, numa floresta na Cordillera Occidental dos Andes. E o seu nome pretende ser uma chamada de atenção para as ameaças que o aracnídeo enfrenta, embora só agora tenha sido descoberto.
O nome chronoarachne é uma amálgama das palavras gregas ‘chronos’, que significa tempo, e ‘arachne’, que significa aranha. Os investigadores, ambos da Universidade San Francisco de Quito, deram-lhe esse nome pois acreditam que “estas aranhas podem ‘ter o seu tempo contado’ ou reduzido pelos impactos das atividades antropogénicas”, escrevem num artigo publicado na revista ‘ZooKeys’.
A outra espécie trata-se da Psalmopoeus satanas, encontrada na região norte da Cordillera Occidental andina, a cerca de 900 metros acima do nível do mar. O seu nome é uma alusão ao “mau temperamento” que o exemplar capturado exibia, bem como aos “ataques esporádicos” que tentava desferir aos seus captores humanos.
Segundo os cientistas, ambas as espécies devem ser já consideradas ameaçadas de extinção, uma vez que as regiões que habitam estão a ser degradadas e fragmentadas pela exploração mineira e pela expansão da agricultura. E acredita que cumprem todos os requisitos para serem classificadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) como ‘Criticamente em Perigo’.
“É importante considerar que as áreas onde estes artrópodes vivem não têm proteção legal”, diz Pedro Peñaherrera-R., primeiro autor do artigo. E declara ser “essencial” criar “áreas protegidas nestes locais”, de forma a manter “a população que resta destas espécies ameaçadas e para encorajar a investigação sobre espécies de tarântulas desconhecidas ou ainda não descritas” que possam viver nessa região dos Andes.
Precisamente por não serem legalmente protegidos, os habitats destas tarântulas estão vulneráveis a várias atividades humanas, legais e ilegais, e os investigadores destacam, em comunicado, que a mineração, em particular, pode representar uma grave ameaça para os ecossistemas, devido às substâncias poluentes usadas e resultantes dessa atividade extrativa.
O comércio ilegal de tarântulas é também um fator de ameaça que deve ser tido em conta e combatido, defendem os investigadores equatorianos, e não afeta apenas as duas novas espécies, mas todas as tarântulas da região. Na internet, através de websites e das redes sociais online, inúmeras espécies são traficadas, incluindo uma que tinha sido descoberta anteriormente por estes cientistas.
Pedro Peñaherrera-R. lamenta que as publicações feitas sobre novas espécies de tarântulas do Equador estejam a ser usadas pelos traficantes para encontrarem novas espécies exóticas que possam vender e para alimentar esse mercado negro.