Academia de Código: a programação como ferramenta de transformação social



O B Project é uma iniciativa do B Lab com o Greensavers para dar a conhecer os negócios que estão a quebrar barreiras, a criar novos caminhos e a reformular o mundo corporativo para o bem das pessoas e do nosso planeta.

Esta entrevista é com a Academia de Código, uma startup de impacto social que vê nas linguagens de programação a nova literacia.
Esperamos que se sinta inspirado.


O que faz: Ensinamos crianças e mentes brilhantes no desemprego a programar.
Nacionalidade: Portuguesa
Ano de fundação: 2015
Ano de entrada para B Corp: 2018
Faturação: Até 1 milhão €


“Os empreendedores precisam cada vez mais de ver os negócios como uma potência de geração de impacto positivo.”

Pode dizer-nos como tudo começou e qual a motivação por trás do negócio?
A Academia de Código surge em 2015 focada em ajudar Portugal a surfar o tsunami digital, com dois focos: ampliar a literacia digital das nossas crianças e formar profissionais capazes de preencher as crescentes vagas de empregos na área do IT.
Assim, a Academia de Código criou a Academia de Código Júnior que na sua plataforma online procura transmitir a crianças de 6 aos 12 anos competências como resolução de problemas, pensamento lógico e colaboração, através do ensino de ciências da computação. A plataforma é para ser utilizada em sala de aula pelos próprios professores do ensino básico e não requer conhecimento prévio.
Para o segundo foco, a Academia desenvolveu uma metodologia de bootcamps de programação para adultos desempregados, onde, durante um período imersivo, os alunos reprogramam a sua vida: por um lado, aprendem a programar e por outro são dotados de soft skills que os preparam para o mercado de trabalho.

Qual o diferencial da empresa?
O nosso maior diferencial é ter benefícios claros e atingi-los de forma sustentável.
Na Academia de Código Júnior temos evidências da melhoria do desempenho dos alunos em áreas que ultrapassam a programação. Por outro lado, além dos alunos queremos capacitar os professores para darem as ferramentas necessárias aos alunos para que estes se adaptem aos desafios (desconhecidos) do futuro através da inclusão digital. Oferecemos planos de aula estruturados e todo o apoio pedagógico e técnico que os professores podem precisar. Em paralelo, todas as nossas aulas são pautadas com referências aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Já em relação aos Bootcamps para adultos, atualmente, atingimos os 95% de empregabilidade dos nossos alunos formados. E é a empregabilidade que lhes apresentamos como benefício final do Bootcamp. No dia a dia, todos os nossos esforços caminham em duas direções: aumentar ainda mais a empregabilidade e tornar o curso mais acessível. Para isso, temos diversas ações como financiamento facilitado por instituições financeiras, bolsas de estudo pagas por empresas de tecnologia que se interessam pelos profissionais e parcerias com câmaras locais. Por exemplo, atualmente os Bootcamps da ilha Terceira são gratuitos para açorianos.

Que impacto desejam causar?
No caso da Academia de Código Júnior, queremos capacitar os professores através da nossa plataforma para contribuírem para a literacia digital dos alunos do 1.º e 2.º ciclo de ensino básico, como forma de desenvolverem o raciocínio lógico, resolução de problemas e serem cidadãos conscientes, melhor preparados para os desafios do futuro.

No caso dos Bootcamps, a Academia de Código procura diminuir o desemprego gerando uma empregabilidade de qualidade e competências para que os Code Cadets, como chamamos aos nossos formandos, possam evoluir autonomamente quando são integrados no mercado de trabalho.

Como é que a vossa empresa se enquadra na visão B de fazer o bem para o mundo? Existe alguma estratégia de sustentabilidade ou alguma preocupação neste sentido?
A Academia de Código é uma empresa B por nascença, por ter surgido como uma empresa que tem impacto social e procura mais do que o sucesso financeiro. Os nossos produtos ou serviços vão e sempre irão na direção de gerar impactos positivos a caminho dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Hoje, além de oferecermos educação de qualidade e ensinarmos os temas dos ODS durante o conteúdo programático da Academia de Código Júnior, também encurtamos as distâncias entre nossos alunos dos Bootcamps e os empregos de qualidade.

Como foi a entrada para o movimento B? Como tiveram conhecimento do movimento? Foi preciso alterar algo estrutural ou conceitual?
O movimento B foi-nos apresentados pelo IES (Instituto de Empreendedorismo Social). Para fazer parte do movimento não foi necessário nenhuma alteração estrutural ou conceitual, mas ganhámos aprendizagens de boas práticas e, sobretudo de uma forma ativa, aprendemos quais as melhorias que podemos seguir para sermos cada vez mais sustentáveis.

Desde que entraram, quais as mudanças mais significativas que já sentiram?
A nossa entrada no movimento B é muito recente, por isso, ainda não notámos mudanças nessa direção. Estamos ainda em processo de descoberta com outras empresas certificadas, mas já encontrámos algumas oportunidades de parceria. Acreditamos nas vantagens da certificação e no crescimento do movimento, e que dia após dia os resultados virão.
Em particular, no caso dos stakeholders internos, o processo de certificação foi uma oportunidade para afinar algumas práticas no sentido de sermos cada vez mais sustentáveis.

Na visão da empresa, o que é essencial ser transformado para que o mundo corporativo traga mais benefícios para o mundo em geral?
Os empreendedores precisam cada vez mais de ver os negócios como uma potência de geração de impacto positivo. Se a premissa de ser positivo nos três balanços da sustentabilidade – económico, ambiental e social – for considerada desde o plano de negócios, é possível alcançá-lo. E as B Corps existem como forma de provar essa viabilidade e inspirar empresas existentes e novas a seguirem o mesmo caminho. Esta alteração de paradigma valoriza indivíduos e organizações no curto e longo prazo, além de os protagonizar como motor da mudança.

Que outra empresa ou projeto vos inspira?
Ronald Cohen.

Desafiariam ouras empresas a pertencer a aderir a este movimento?
Ser B Corp é uma forma de estar conectado com uma rede enorme de empresas e pessoas que procuram causar impacto à sua volta de forma positiva. Além disso, é uma maneira de medir os nossos impactos atuais e dá-nos uma direção para melhorarmos o nosso dia a dia.

 

   

 





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