África do Sul quer promover financiamento climático durante a presidência do G20
A África do Sul vai procurar, durante a presidência do G20, aumentar o financiamento para os países do Sul Global enfrentarem a crise climática numa época marcada pelas “tensões geopolíticas”, afirmou ontem, em Davos, o Presidente sul-africano.
Cyril Ramaphosa assumiu o compromisso no âmbito da sua presidência rotativa do G20, que reúne as maiores economias mundiais.
“Penso que estamos numa época de crescentes tensões geopolíticas, unilateralismo, nacionalismo, protecionismo, isolacionismo e níveis de dívida crescentes, que afetam particularmente os países mais pobres do mundo. E também, o que é mais importante, o declínio de um sentido de propósito comum”, disse Ramaphosa, durante o seu discurso no Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça.
“Este é um momento em que devemos estar unidos como uma comunidade global para resolver os problemas que a Humanidade enfrenta, acabando com as guerras e os conflitos”, acrescentou.
A África do Sul assumiu a presidência do G20 em 01 de dezembro e o mandato vai até 30 de novembro de 2025, sob o tema ‘Solidariedade, igualdade e sustentabilidade’.
Ramaphosa referiu-se, durante o seu discurso, ao aumento da frequência e intensidade dos fenómenos climáticos extremos e salientou que, apesar de também atingirem os países desenvolvidos, estes têm a capacidade financeira necessária para se reconstruírem depois, algo que os países do Sul Global não têm.
Entre as prioridades da África do Sul para o bloco económico, Ramaphosa destacou a procura de “um acordo para aumentar a qualidade e a quantidade dos fluxos de financiamento climático para as economias em desenvolvimento, como foi acordado em várias cimeiras climáticas da ONU”.
O Presidente sul-africano assegurou ainda que o seu país vai pressionar para o desenvolvimento de “um quadro do G20 sobre industrialização e investimento verde”, que promova o crescimento económico sem resultar na destruição do planeta, como tem acontecido desde a era industrial.
Para alcançar um “crescimento inclusivo”, afirmou, é necessário garantir que a extração de minerais essenciais para a transição energética – muitos dos quais se encontram em África – beneficia, em primeiro lugar, “os países e as comunidades locais dotadas destes ricos recursos”.
A presidência sul-africana do G20 procurará também demonstrar que África, com o seu mercado crescente de bens e serviços e a população mais jovem do mundo, é “a próxima vanguarda do crescimento e da produtividade globais”.
“Procuraremos consolidar as diferentes iniciativas do G20 relacionadas com África num acordo de cooperação emblemático centrado na implementação de investimentos nos setores produtivos de África, em áreas como as infraestruturas”, afirmou Ramaphosa.
Pretória encerrará um ciclo em que os 19 países que compõem o G20 se revezaram no comando do fórum, pelo que a coordenação do organismo caberá em 2026 novamente aos Estados Unidos, com o republicano Donald Trump no poder, que já anunciou medidas como a saída de Washington do Acordo de Paris sobre alterações climáticas.
A África do Sul será o quarto país em desenvolvimento e do chamado Sul Global a presidir ao G20, cargo que foi ocupado pela Indonésia em 2022, Índia em 2023 e Brasil em 2024.