AIE alerta para abrandamento de melhoria da eficiência energética no mundo
A Agência Internacional de Energia (AIE) alertou hoje para o abrandamento, em 2023 e 2024, da melhoria da eficiência energética global, ponto-chave na luta contra as alterações climáticas.
Esta eficiência, que aumentou a um ritmo de 2% por ano entre 2010 e 2019, um valor que se repetiu em 2022, após um intervalo devido à pandemia, foi de apenas 1% em 2023 e vai permanecer ao mesmo nível este ano, afirmou a AIE, num relatório.
O documento, divulgado por ocasião do início da cimeira do clima COP29, na próxima segunda-feira, lembra que a COP28 terminou há um ano com um compromisso de quase 200 países para duplicar coletivamente a melhoria da eficiência média global até 2030.
O relatório acrescenta que, durante este ano, vários governos que representam 70% da procura global de energia adotaram ou reforçaram medidas para aumentar a eficiência energética, mas insiste que “a implementação deve acelerar” para alinhar as políticas “com os objetivos climáticos”.
A AIE recorda que os investimentos globais em eficiência energética apenas vão aumentar 4% em 2024, para 660 mil milhões de dólares (cerca de 614 mil milhões de euros), depois de terem aumentado 50% desde 2019.
O documento aponta para fortes diferenças regionais, pois enquanto o investimento em eficiência vai estar praticamente congelado este ano nas economias mais avançadas, na China vai aumentar 10%.
Em contrapartida, o investimento em eficiência aumenta, este ano, 60% em África, 40% no Médio Oriente e 20% na América Central e do Sul. No entanto, a AIE salienta que estas regiões representam apenas cerca de 5% do investimento global em utilização final.
A agência adverte que para o mundo atingir o objetivo de zero emissões líquidas, os investimentos na melhoria da eficiência energética de veículos, edifícios e indústria têm de triplicar em cinco anos, passando de 660 mil milhões de dólares (614 mil milhões de euros) este ano para 1,9 biliões de dólares (1,76 biliões de euros) em 2030.
O relatório assinala que as tecnologias e as políticas para duplicar a eficiência energética global “já existem”, mas é necessária uma política integrada que inclua normas, informação e incentivos para uma aplicação generalizada.
Por exemplo, sublinha que, face ao aumento das temperaturas globais devido a ondas de calor cada vez mais fortes, é fundamental uma melhoria “mais rápida” da eficiência da refrigeração e que existem aparelhos de ar condicionado duas vezes mais eficientes e “não mais caros” do que os menos eficientes.
No setor dos transportes, o relatório apela para uma aceleração da eletrificação dos veículos e para normas mais rigorosas para os que utilizam motores de combustão, especialmente os mais pesados, os que consomem mais energia.