AIE prevê abrandamento de 5% na produção renovável até 2030 devido a EUA e China

A Agência Internacional de Energia (AIE) reduziu as expectativas para o crescimento global da eletricidade renovável em 5% até 2030, essencialmente devido às mudanças políticas nos Estados Unidos (EUA) e na China.
No seu relatório anual sobre energias renováveis, publicado hoje, a AIE colocou fora do alcance a meta da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023 (COP28) de triplicar a capacidade global de renováveis até 2030.
A agência reviu as suas projeções para os EUA em baixa de quase 50% face às de 2024, justificando com alterações nas políticas, especialmente na legislação adotada em julho pela administração de Donald Trump.
Isto resultou na eliminação antecipada de incentivos fiscais, restrições à importação e na suspensão e redução de licenças para projetos eólicos e solares fotovoltaicos ‘onshore’ em terras federais.
No total, quase 250 gigawatts (GW) de capacidade de eletricidade renovável serão adicionados nos Estados Unidos entre 2025 e 2030, e as novas regulamentações de Trump terão um efeito gradual, com as novas instalações a atingirem o pico em 2027, a diminuirem em 2028 e a permanecerem estáveis até 2030.
Os autores do estudo também reduziram as suas expectativas para a China em 5% em comparação com o ano anterior, uma vez que o Governo de Pequim anunciou, em 2024, que iria substituir o sistema que garantia um preço fixo para a eletricidade renovável por um mecanismo de leilão baseado no mercado.
Ainda assim, a China aumentará a sua capacidade em quase 2.660 GW nos próximos cinco anos e continuará, de longe, o número um do mundo, com mais de metade do total.
A Europa como um todo contribuirá com aproximadamente 630 GW entre 2025 e 2030, representando um aumento de 67% na sua capacidade, que atingirá 1.612 GW no início da próxima década, sendo que quase três quartos desta capacidade serão provenientes de oito países: Alemanha, Reino Unido, Espanha, Turquia, Itália, França, Polónia e Países Baixos.
A agência prevê ainda que cerca de 80% das novas energias renováveis nos próximos cinco anos correspondam a centrais solares fotovoltaicas, graças à queda dos custos dos painéis e aos períodos de licenciamento mais curtos.
Pelo contrário, as perspetivas de crescimento da energia eólica ‘offshore’ são agora muito mais modestas do que há apenas um ano (-25%) devido às alterações em alguns mercados-chave, mas também devido aos estrangulamentos na cadeia de abastecimento e ao aumento dos custos dos projetos.
Os autores do relatório alertaram que a concentração extrema de segmentos-chave da produção de energia renovável na China (mais de 90%) vai continuar e realçaram ainda que o rápido desenvolvimento de fontes de produção variáveis está a exercer uma forte pressão sobre os sistemas elétricos e a tornar mais urgentes os investimentos em redes, armazenamento de eletricidade e geração flexível.