Mathias Cormann, o australiano “anti clima”, foi eleito líder da OCDE



O ex-ministro das Finanças foi o rosto da abolição de um plano anti carbono no seu país, um dos maiores emissores de partículas do mundo. Para além disso, ficou conhecido por chamar aos grupos de ambientalistas de “extremistas”.

Mathias Cormann, ex-ministro das Finanças australiano, foi escolhido “por uma pequena maioria” durante uma reunião com embaixadores de 37 países para ser o novo líder da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), noticia o Guardian.

Cormann sucede ao mexicano Angel Gurría, cujo terceiro mandato de cinco anos termina em maio.

O político de centro-direita anunciou a candidatura no ano passado, tendo abandonado imediatamente o parlamento da Austrália.

Nos últimos tempos, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, foi o grande promotor da candidatura de Cormann, tendo desenvolvido inúmeros contactos com os homólogos de outros países, e tendo autorizado a utilização de uma aeronave da força aérea para transportar o candidato até à Europa, medida amplamente criticada pelos australianos, como revela a imprensa britânica.

Várias associações ambientalistas e ativistas por todo o mundo reagiram a esta vitória salientando o “perigo eminente” que ela representa. Jennifer Morgan, diretora executiva do Greenpeace International, sublinhou a preocupação dos seus parceiros espalhados pelo globo: “temos pouca confiança na capacidade deste homem, cujos antecedentes atrozes nos fazem duvidar que consiga garantir que a OCDE desempenhe o seu papel, diante da crise climática.

Nick Mabey, presidente-executivo do  E3G, alertou: “os países da OCDE enviaram um sinal perigoso ao nomear alguém com um longo historial de desmantelamento de políticas climáticas”.

Mohamed Adow, diretor do Power Shift Africa, foi quem deixou as palavras mais duras contra Cormann: “É terrível ver um político com um historial tão mau em matéria climática conseguir a liderança da OCDE. Pior do que isto, só mesmo o aparente apoio dado pelo Reino Unido, meses antes de receber a COP26 (A mais importante conferência climática entre Estados), em Glasgow.

Uma candidatura manchada de verde pelos protestos

Desde o início, a candidatura de Cormann foi marcada pelas reclamações de grupos ambientalistas que lembraram a forma “dececionante” como o político geriu alguns temas climáticos enquanto foi ministro das Finanças da Austrália, como lembra o Australian.

Na semana passada, vários grupos internacionais para a mudança climática e consultores ambientais escreveram aos representantes dos Estados da OCDE e manifestaram “sérias preocupações” sobre a candidatura de Cormann à liderança da organização internacional.

O papel de Cormann como ministro das Finanças da Austrália entre 2013 e 2020 demonstrou como é “altamente improvável que consiga desempenhar um papel eficaz na defesa das ações ambiciosas para neutralizar as emissões de carbono em todo o globo”, pode ler-se na missiva, citada pela imprensa internacional.

O político fez parte de um Governo que aboliu o esquema de imposição de pagamentos pelas emissões de carbono das empresas do seu país, um projeto que tinha em vista a neutralidade carbónica nacional. Além disso, é descrito pelas associações ambientalistas como um “bloqueador” de várias negociações internacionais, sobre o combate às mudanças climáticas, tendo inclusive chamado alguns ambientalistas de “extremistas”, como refere o Guardian.

A Austrália é um dos maiores responsáveis por emissões de carbono per capita do mundo.





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