Alterações climáticas estão a atrair para o Ártico predadores marinhos de águas mais quentes



Entre 2000 e 2019, o número de espécies de predadores nas águas do Ártico aumentou. A subida da temperatura marinha no pólo Norte do planeta tem criado as condições ideias para a instalação de tubarões, baleias e aves marinhas que antes não ocorriam nessa região.

Uma equipa internacional de investigadores estudou a evolução da distribuição espacial de 69 espécies de predadores marinhos ao longo dos últimos 20 anos, em oito áreas do Ártico, e percebeu que as águas mais quentes tornam não só a vivência nesses ambientes hostis mais tolerável a espécies de zonas mais a sul, como também faz aumentar a produtividade desses ecossistemas árticos, fazendo crescer a abundância de alimento.

As oito áreas do Ártico abrangidas pelo estudo.
Fonte: Artigo / Irene D. Alabia, et al. Scientific Reports. March 11, 2023

Por isso, os cientistas consideram que essa “expansão para Norte” de várias espécies de predadores se pode dever às alterações climáticas, a uma maior produtividade, ou a uma combinação desses dois fatores.

No entanto, essa ‘migração’ em direção ao Ártico não acontece de forma uniforme para todas os predadores estudados. Por exemplo, percebeu-se que a expansão da distribuição de predadores de média escala, como é o caso dos caranguejos e de peixes, era relativamente limitada, comparando com a dos tubarões, das baleias e das aves marinhas.

Gráfico mostra o aumento do número de espécies de predadores na região do Ártico desde os anos 2000.
Fonte: Artigo / Irene D. Alabia, et al. Scientific Reports. March 11, 2023

Irene Alabia, do Arctic Research Center da Universidade de Hokkaido, no Japão, e principal autora do artigo publicado na revista ‘Scientific Reports’, acredita que os resultados deste estudo são fundamentais para identificar zonas de grande diversidade de espécies e, se for o caso, implementar medidas para a sua conservação, uma vez que os efeitos das alterações climáticas no Ártico são cada vez mais evidentes.

E esse conhecimento assume uma importância ainda maior quando se considera, tal como escrevem os cientistas, que “ao longo das últimas décadas, a região do Ártico tem experienciado alterações climáticas antropogénicas sem precedentes” e que “as alterações ambientais no Ártico têm impactos evidentes nos ecossistemas marinhos, através de mudanças biogeográficas e da reorganização das comunidades e biodiversidade marinha”.





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