Análise GS: Apenas 138 carros eléctricos vendidos em Portugal até Outubro



Apesar de todo o investimento português na mobilidade eléctrica, os números são bastante claros no que toca aos frutos desta estratégia: entre Janeiro e Outubro, apenas se venderam, em Portugal, 138 carros eléctricos. O que torna o mercado português num dos mais fracos da Europa neste segmento.

O Nissan Leaf lidera as vendas, com 82 unidades vendidas, seguido do Mitsubishi i-Miev (21 carros vendidos), Smart Fortwo (14), Peugeot iON (13), Citroen C-Zero (6) e Renault Fluence Ze (2). E estas vendas, refira-se, foram ajudadas pelo Governo português, que apoiou em €5.000 a compra de veículos eléctricos.

Na Europa, o cenário não é muito melhor. No primeiro semestre de 2011 foram vencidos 5.222 veículos eléctricos. Um quinto destes (1.020) foi vendido a consumidores alemães. Segue-se a França (953 carros eléctricos vendidos), a Noruega (850) e o Reino Unido (599).

Na parte final da tabela, e para além de Portugal, encontramos a Espanha (122), a Bélgica (85), a República Checa (43), a Irlanda (36) e a Roménia.

Se, em 2011, as vendas de carros eléctricos, em Portugal, não foram famosas, o próximo ano não trará grandes novidades. Por um lado, o Governo vai acabar com o incentivo de €5.000 à compra de carros deste segmento, o que encarece – ainda mais – o preço final destes veículos para o consumidor português.

Por outro, a crise económica continuará a fazer-se sentir (o próprio mercado automóvel dito convencional já está a começar a sofrer as consequências mais graves da crise), e o consumidor tomará decisões que sejam financeiramente mais racionais a curto prazo. Estes dois argumentos deverão inviabilizar, definitivamente, os objectivos pretendidos pelo anterior Governo para a mobilidade eléctrica em Portugal.

Finalmente, o anúncio da desistência da Renault-Nissan em construir uma fábrica de baterias eléctricas em Cacia, Aveiro, veio desestabilizar ainda mais este mercado. Por mais que os responsáveis da marca não o admitam, a verdade é que o fraco entusiasmo dos portugueses pelos veículos eléctricos terá jogado um papel importante no abandono da fábrica de Cacia.

De vento em popa continua, ainda assim, a construção de postos de carregamento eléctrico. O calendário das instalações está a ser cumprido, de acordo com o jornal Expresso, e até ao final do ano estarão montados os 1.028 postos programados.

Dentro de um ano, Portugal terá 1.300 postos a funcionar. Bem mais, certamente, que o número de carros eléctricos a circular nas estradas portuguesas – actualmente são 150, mas mais de metade pertencem a organizações e instituições públicas.

Por tudo isto, é fácil chegar a uma conclusão. Uma vez mais, em Portugal, teremos infra-estruturas vazias. Onde é que já vimos este filme?






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