Angola deverá contar este ano com projeto para reflorestamento estimado em 2,7 ME



O projeto da fábrica de mudas, um investimento privado em Malanje, Angola, direcionado para o reflorestamento, estimado em três milhões de dólares (2,7 milhões de euros), deverá arrancar ainda este ano, disse ontem um responsável da empresa.

A informação foi avançada pelo sócio-gerente da Angola Particle Board Group (APB), Carlos Padre, à margem da Conferência Internacional sobre Energias Renováveis e Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, promovida pela empresa angolana Eco-Eficiência, especializada em consultoria ambiental.

Carlos Padre frisou que o objetivo do projeto é fornecer uma solução para a recuperação, reflorestamento e desenvolvimento do setor agroflorestal angolano, realçando que, à semelhança de outros países do mundo, Angola também tem sofrido uma degradação ambiental devido ao crescimento populacional e aumento das atividades de caça, mineira e industrial.

Segundo o empresário, a fábrica de mudas florestais exóticas, nomeadamente eucaliptos e frutíferas, e mais tarde mudas nativas, é um primeiro passo para se poder criar plantas através das técnicas de sementes e de clonagem, e numa segunda fase para o reflorestamento.

“A ideia já temos há mais de cinco anos, estamos numa luta bastante árdua”, salientou Carlos Padre, realçando as dificuldades à volta do financiamento para o projeto, devido à necessidade de apresentar garantias.

“Encontramos, por exemplo, (…) dificuldades em poder legalizar, ter junto das conservatórias o registo pleno das propriedades, porque os bancos, para financiarem, exigem as garantias. É preciso estarmos de forma legal para poder auferir desses financiamentos”, explicou.

Carlos Padre apelou a uma maior sensibilidade da comunidade internacional e dos governos para apoiar iniciativas do género.

“Estamos com o nosso projeto a tentar fazer algo que possa mudar o quadro, porque nós sabemos que temos problemas graves a nível das alterações climáticas, principalmente no sul de Angola. As causas estão identificadas, precisamos é de atacar os problemas”, acrescentou.

Para o empresário, este fórum é uma boa iniciativa, mas “vem muito atrasado”, apontando o exemplo do Brasil, que há mais de 15 anos vem abordando as questões de defesa ambiental.

“Lá, felizmente, já muitas ações foram tomadas, por exemplo, nesta questão dos créditos de carbono, muitas empresas beneficiam dos créditos de carbono e nós aqui nem ainda chegámos lá”, disse.

A fábrica cobre uma área de 5.843 hectares e está localizada na zona do Polo Agroindustrial de Capanda, num investimento superior a seis milhões de dólares (5,5 milhões de euros), contando com a plantação.

“Este ano, temos condições de começar a fabricação de mudas e isso depende sempre de financiamento. Este país só se vai desenvolver quando houver uma veia de financiamento que atenda principalmente os atores que estão no terreno, que estão a fazer por mudar esse quadro atual da nossa economia”, sublinhou.

O projeto conta com financiamento do Banco de Desenvolvimento Angolano (BDA), numa primeira fase, e “conta com alguma sensibilidade por parte das organizações das Nações Unidas”, especialmente para financiar a plantação, referiu ainda o responsável.





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