Animais dispersores de sementes são fundamentais para captura de carbono nas florestas

As alterações climáticas são uma das maiores causas de perda de biodiversidade. Temperaturas extremas, secas, incêndios devastadores, cheias, chuvas torrenciais e tempestades destroem habitats, comprometem ecossistemas e empurram espécies para o limiar da extinção.
Uma nova investigação mostra agora que o contrário também é verdade: a perda de biodiversidade pode também agravar as alterações climáticas.
Num artigo publicado este mês na revista ‘PNAS’, cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da organização ambientalistas The Nature Conservancy revelam que os animais dispersores de sementes, que consomem os frutos e levam depois as sementes nos seus sistemas digestivos, depositando-as mais tarde noutros locais, são fundamentais para a capacidade de absorção de carbono das florestas.
Depois de desflorestadas, florestas tropicais que voltam a crescer naturalmente, por terem populações saudáveis de animais dispersores de sementes, podem absorver até quatro vezes mais carbono do que florestas semelhantes com menos animais dispersores.
“Os resultados salientam a importância dos animais na manutenção de florestas tropicais saudáveis e ricas em carbono”, diz, em comunicado, Evan Fricke, investigador do MIT e primeiro autor do estudo.
“Quando os animais dispersores de sementes são reduzidos, corre-se o risco de enfraquecer o poder de mitigação climáticas das florestas tropicais”, salienta.
A investigação contou com a combinação de um vasto conjunto de dados sobre a biodiversidade, os movimentos e a dispersão de sementes relativamente a milhares de espécies de animais, bem como de dados sobre a acumulação de carbono de várias florestas tropicais.
A equipa entende que estes resultados não apenas provam claramente que os animais dispersores de sementes desempenham um papel importante na capacidade que as florestas têm para sequestrar carbono, como ainda salientam a necessidade de combater as alterações climáticas e a perda de biodiversidade como duas faces de uma mesma moeda.
Para estes cientistas, a duas crises planetárias devem ser encaradas como “partes interligadas de um ecossistema delicado, ao invés de problemas isolados”.
“É claro que as alterações climáticas ameaçam a biodiversidade, e agora este estudo mostra como as perdas de biodiversidade podem exacerbar as alterações climáticas”, sentencia Fricke.
“Estes são desafios com os quais se deve lidar em conjunto, e a contribuição dos animais para o carbono das florestas tropicais mostra que é possível resultados benéficos para todos quando se apoia a biodiversidade e combate as alterações climáticas ao mesmo tempo.”