Animais que vivem em ilhas são mais vulneráveis à extinção do que os do continente



As ilhas são frequentemente apontadas como pequenos oásis de espécies invulgares, que desafiam os limites da nossa imaginação. Evoluindo em maior ou menor isolamento dos ecossistemas continentais, os animais insulares parecem contradizer as leis naturais, desde espécies gigantes que podiam fazer sombra aos seus congéneres no continente, a outras de dimensões muito menores que parecem ser sido encolhidas.

Apesar das adaptações que foram sofrendo ao longo de milhares de anos, os animais nas ilhas, ‘gigantes’ ou ‘anões’, estão mais vulneráveis ao risco de extinção do que os que habitam as massas continentais.

Num artigo publicado na ‘Science’, uma equipa internacional de cientistas revela que cerca de 75% das extinções documentadas nos últimos 500 anos aconteceram em pedaços de terra rodeados de água, e alertam que atualmente perto de metade das espécies de animais que constam da ‘lista vermelha’ de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) vivem em ilhas. E os mamíferos insulares são, de todos os grupos taxonómicos, os mais vulneráveis.

Os investigadores calculam que os animais insulares que são ou 10 vezes maiores ou 10 vezes menores do que os seus congéneres continentais enfrentam uma probabilidade, no mínimo, 75% superior de serem extintos.

Devido ao isolamento em que vivem, os animais das ilhas, especialmente os mamíferos, não desenvolveram um ‘medo saudável’ de predadores como os humanos, tornando-os, assim, presas fáceis. E a História ensina-nos, se a quisermos escutar, que quanto menos receoso é um animal, maior é a probabilidade de ser caçado até ao limiar da extinção e de ser mesmo empurrado além dele.

O trabalho recorreu à análise de dados de mais de mil espécies de mamíferos que hoje vivem e de 350 espécies extintas, de 182 ilhas que existem ou já existiram.

Os investigadores dizem que a chegada dos humanos a essas ilhas multiplicou por 16 a probabilidade de extinção das espécies que aí viviam em pleno isolamento.

Kathleen Lyons, da Universidade do Nebrasca, nos Estados Unidos da América, e uma das autoras, comenta que, ao passo que a maioria dos predadores não provoca a extinção das suas presas- porque, segundo as leis do equilíbrio ecológico, quando há mais predadores, as presas diminuem, levando, por sua vez, ao decréscimo dos predadores e à recuperação da espécie predada, num ciclo dinâmico -, os humanos têm um longo historial de fazer precisamente isso.

“Mudamos de presa constantemente. Comemos algo até desaparecer, ou até ser demasiado difícil de apanhar, e depois comemos outra coisa até que também essa desapareça”, diz Lyons. Por isso, avaliar a vulnerabilidade de espécies tão únicas como as que evoluíram nas ilhas é fundamental para impedir que, por variadas pressões (como as alterações climáticas e a ação humana direta), possam desaparecer para sempre.





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