Apascentação de animais é essencial para garantir captura de carbono pelo solo, revela estudo



Grandes mamíferos herbívoros selvagens desempenham um papel central na estabilização do armazenamento de carbono no solo e podem ser parte de estratégias de mitigação dos impactos das alterações climáticas.

A conclusão é de um estudo publicado na ‘Proceedings of the National Academy of Science’, nos Estados Unidos, e desenvolvido por três investigadores do Instituto de Ciências Indiano. Teve por base uma investigação que se prolongou por 16 anos e como principal foco animais como o iaque e o íbex em paisagens de pasto, como na região de Spiti, nos Himalaias.

Os cientistas descobriram que retirar os grandes herbívoros desses ecossistemas tornava instável o nível de carbono no solo, tendo sido registadas maiores flutuações nesses valores na ausência desses animais.

“Como o solo contém mais carbono do que todas as plantas e a atmosfera combinadas, é importante assegurar a sua persistência”, afirmam, explicando que, quando os animais e as plantas morrem, a matéria orgânica mantém-se no solo durante um longo período de tempo até ser ‘consumida’ por organismos microscópicos e convertida em carbono, sendo, depois, libertado para a atmosfera na forma de dióxido de carbono.

Sumanta Bagchi, um dos autores do estudo, salienta que o solo é um importante reservatório de carbono, pelo que “manter estáveis os níveis de carbono no solo é fundamental para compensar os efeitos das alterações climáticas”.

Ao longo dos 16 anos em que ele e a sua equipa estiveram no terreno, Bagchi descobriu que nos locais onde os animais não pastavam os níveis de carbono registavam uma variação 30% a 40% superior à que era medida em terrenos onde os grandes herbívoros estavam presentes.

Como os ecossistemas de pasto cobrem cerca de 40% da superfície da Terra, “proteger os herbívoros que mantêm estável o carbono no solo é uma prioridade central para mitigar as alterações climáticas”, advogam.

Os cientistas acreditam que os resultados da sua investigação permitirão desenvolver soluções naturais para combater os efeitos do aquecimento global através da conservação e restauro do papel desempenhado pelos grandes mamíferos herbívoros selvagens.

A investigação permitiu também perceber que a apascentação de animais domésticos, como cabras e ovelhas, impacta os ecossistemas de forma diferente dos herbívoros selvagens. “Os herbívoros domésticos e selvagens são semelhantes em muitos aspetos, mas diferem na forma como influenciam as plantas e solo”, dizem, pelo que é necessário mais estudo para compreender melhor essas discrepâncias.





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